sexta-feira, 26 de junho de 2009

ARTIGO 27: DOS VOTOS MONÁSTICOS

Para falar dos votos monásticos é preciso que lembremos em primeiro lugar como se procedeu a esse respeito até agora, que espécie de vida houve nos mosteiros, e que muitas coisas se fizeram neles todos os dias não só contrariamente à palavra de Deus, mas também ao direito papal. Nos tempos de
Santo Agostinho as ordens monásticas eram livres. Depois, quando se corromperam a verdadeira disciplina e doutrina, inventaram-se votos monásticos, e por meio deles se tentou restaurar a disciplina, como que por cárcere planejado.

Além disso, adicionou-se aos votos monásticos grande número de outras coisas, e com tais cadeias e gravames foram carregados muitos, também antes da idade apropriada.
Aconteceu outrossim que muitas pessoas chegaram à vida monacal por ignorância. Ainda que não eram demasiadamente jovens, todavia não mediram nem entenderam suficientemente sua capacidade. Todos esses, enredados e envolvidos dessa maneira, eram obrigados e compelidos a permanecer nessas
cadeias, não obstante o próprio direito papal conceder liberdade a muitos deles. E isso foi mais duro em conventos de freiras do que nos de frades, quando teria sido conveniente poupar as mulheres, como o sexo frágil. Esse rigor e dureza também desagradaram em tempos anteriores a muitas pessoas piedosas, pois certamente viam que meninos e meninas eram metidos em mosteiros para fins de subsistência material. Por certo viram, outrossim, quão mau foi o resultado dessa empresa, que escândalos e opressão de consciências trouxe. E muitas pessoa se queixaram do fato de em tão perigoso assunto os cânones haverem sido de todo negligenciados. Houve, além disso, opinião tal sobre os votos monásticos, que, como é manifesto, desagradou também a muitos monges de algum entendimento.
Alegavam que votos monásticos eram iguais ao batismo e que pela vida 135 monástica se mereciam remissão dos pecados e justificação diante de Deus.
Na verdade, acrescentavam ainda que pela vida monástica se merecia não só justiça e santidade, mas também que por essa vida se cumpriam os preceitos e os conselhos incluídos no evangelho, de modo que se exaltavam os votos
monásticos mais do que o batismo. Afirmava-se, outrossim, que se merece mais
com a vida monástica do que com todos os outros estados de vida que Deus
ordenou, como o de pastor e pregador, o de governante, príncipe, senhor e
similares, os quais todos servem a sua vocação, de acordo com o mandamento, a palavra e a ordem de Deus, sem espiritualidade fictícia. Nenhum desses pontos
pode ser negado, pois que se encontram em seus próprios livros.

continua...
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Fonte: A CONFISSÃO DE AUGSBURGO

25 de junho de 1530

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