quinta-feira, 13 de maio de 2010

Após convocação para a Copa, jogadores evangélicos agradecem publicamente à Deus

Na tarde desta terça-feira, 11 de maio, quando da convocação de Dunga à Seleção Brasileira para a Copa 2010, pelo menos sete jogadores declaradamente evangélicos foram escalados: Daniel Alves, Felipe Melo, Gilberto Silva, Kaká (foto), Lúcio, Luisão e Luís Fabiano.

O meia Kaká e o atacante Luís Fabiano aproveitaram para agradecer a Deus no twitter.

“Alegria , alegria. Obrigado meu Deus”, disse Luís Fabiano, conhecido como “Fabuloso”, que já atuou pelo São Paulo e hoje é jogador do Sevilla, na Espanha.

Kaká, que no Brasil também jogou no time tricolor paulista, e hoje é meio-campista do Real Madrid, clube espanhol, expressou: “Glória a Deus!! Que alegria e privilégio de uma convocaçao para a Copa do Mundo / Tks Lord , big honour can play another World Cup [Obrigado Senhor, grande honra poder jogar outra Copa do Mundo] Estou vivendo muito mais do que pedi ou pensei!!”.

A Copa do Mundo começa em Junho na Africa do Sul, o Brasil é um dos favoritos. Este ano a Fifa, entidade máxima do futebol, proibiu toda e qualquer manifestação religiosa em campo, hoje os jogadores utilizam as entrevistas e a internet para falar de sua fé e Deus.

Fonte: Gospel +

Silas Malafaia compara união gay a zoofilia e necrofilia

Um debate bastante polarizado dominou o clima da audiência pública sobre o Estatuto das Famílias na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados. O pastor Silas Malafaia afirmou que conceder os diretos civis para gays é a porta para depois aprovarem o casamento.

O Estatuto engloba diversos projetos de lei (PL 674/07 e 2285/07, entre outros) e, em alguns deles, existe a regulamentação da união entre pessoas do mesmo sexo e da adoção feita por esses casais.

Críticos e defensores da união civil de homossexuais colocaram seus argumentos diante do plenário lotado, onde evangélicos contrários à união de pessoas do mesmo sexo estavam em maioria.

Para tentar chegar a um acordo, o presidente da CCJ e relator do Estatuto das Famílias, deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), disse que diante de tantas diferenças e dúvidas, vai tentar encontrar um meio termo.

Direitos civis

Para o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, Toni Reis, não se trata de casamento, mas sim de garantir direitos civis. "Envolve essa questão da herança, de planos de saúde, de adoção. Nós queremos nem menos nem mais, queremos direitos iguais. Nós não queremos é o casamento, nesse momento não é a nossa pretensão. O que nós queremos são os direitos civis", diz Toni.

Toni Reis citou declarações das organizações das Nações Unidas (ONU) e dos Estados Americanos (OEA) para defender o direito ao reconhecimento da união civil e da adoção entre pessoas do mesmo sexo. Ele destacou que o Governo Lula também apoia a reivindicação e mencionou o programa Brasil sem Homofobia, coordenado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. "O Brasil é um Estado laico e queremos o que a Constituição preconiza, direitos civis", argumentou.

Tema eleitoral

O pastor da Assembleia de Deus Silas Malafaia afirmou que conceder os diretos civis é a porta para depois aprovarem o casamento. Ele defendeu que a família é o homem, a mulher e a prole, sendo que a própria Constituição defende esse desenho familiar. Malafaia trouxe o debate para o contexto político das eleições presidenciais.

"Eu ouvi os homossexuais fazerem aqui pronunciamentos dizendo que o presidente os indicou para a ONU, que o presidente os apoia totalmente, então nós evangélicos, que representamos 25% da população, temos que pensar muito bem em quem vamos votar para presidente da República", avisou.

Malafaia questionou se outros comportamentos poderiam, futuramente, virar lei. "Então vamos liberar relações com cachorro, vamos liberar com cadáveres, isso também não é um comportamento?" O pastor foi muito aplaudido durante sua exposição.

Desconstrução da família

Na mesma linha crítica, o pastor da Igreja Assembleia de Deus Abner Ferreira afirmou que o Estatuto das Famílias seria, na verdade, o Estatuto da Desconstrução da Família. Segundo ele, ao admitir a união de pessoas do mesmo sexo, a proposta pretende destruir o padrão da família natural, em vez de protegê-la. Ele disse que todas as outras formas de família são incompletas e que toda manobra contrária à família natural deve ser rejeitada.

Juristas discordam sobre direitos civis para uniões homoafetivas

Durante a audiência pública desta quarta-feira na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) sobre a criação do Estatuto das Famílias, a vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Maria Berenice Dias, afirmou que o fato de a Constituição proteger a união entre homem e mulher não significa que uniões homoafetivas também não possam ter direitos na esfera civil.

Ela avaliou que o debate foi para a esfera ideológica. "Estou sentindo nesse espaço um clima de muito medo, de muito revanchismo, pouco técnico, pouco científico, pouco preparado”, observou. “As pessoas estão se deixando dominar por posições religiosas muito ferrenhas, e confesso que não sei porque têm medo que simplesmente se assegure direitos aos homossexuais, se assegure a crianças terem um lar", acrescentou.

Maria Berenice Dias citou decisão recente do Superior Tribunal de Justiça, que reconheceu a adoção feita por duas mulheres, e afirmou que a união homoafetiva não ameaça a família. "Argentina, Uruguai, México e Canadá são alguns dos países que reconhecem essas uniões. Quem conhece esses lugares sabe que, por lá, a família vai muito bem, obrigada", disse.

Fere a Constituição

Representando o Instituto dos Advogados de São Paulo, Regina Beatriz Tavares da Silva defendeu o atual Código Civil e disse que a criação do Estatuto das Famílias fere a Constituição. Ela não se disse contra a união homoafetiva, mas mencionou pontos como a possibilidade da amante receber pensão, o que para ela é exemplo de poligamia. Ela também criticou o fato de o Estatuto não prever a separação litigiosa culposa.

"Quando existe culpa no Direito, precisa haver pena, porque senão quem é culpado, quem age de maneira errada nunca se corrige”, afirma. “O Estatuto propõe que se elimine a culpa nos rompimentos do casamento e da união estável. Isso também é inconstitucional, isso também viola a dignidade da pessoa humana, isso viola os direitos da personalidade à honra."

De acordo com ela, o projeto pretende revogar todo o livro de Direito de Família do Código Civil, que tramitou durante 27 anos na Câmara e no Senado. "Tirar o direito de família do Código Civil é um absurdo, falar que o direito de família deve ser ater a questões de afeto é outro absurdo", afirmo

Laços familiares

O especialista em Direito Civil Paulo Luiz Lôbo, professor da Universidade Federal de Alagoas e ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça, disse que o projeto que cria o Estatuto das Famílias é importante para fortalecer os laços familiares e dar suporte legal às situações que acontecem na realidade.

Ele afirmou que a proposta moderniza a legislação ao propor simetria entre casamento e união estável e também ao abordar questões patrimoniais dentro dos casamentos e das uniões.

Fonte: Agência Câmara

Sinais da Queda


Sinais da Queda

 O declínio de uma igreja passa por cinco estágios nem sempre fáceis de perceber




Um pouco antes de terminar meus estudos em teologia, fui convidado para pastorear uma congregação no sul do Illinois, nos Estados Unidos. Aquele foi meu primeiro grande despertamento para as realidades da liderança pastoral – e uma experiência um tanto desconfortável. As habilidades ou dons que levaram a congregação a me convidar a ser seu líder espiritual foram, provavelmente, meu entusiasmo, minha pregação e minha aparente habilidade – mesmo sendo ainda jovem – em alcançar pessoas e fazê-las sentirem-se cuidadas.

O que não havia sido mencionado era o fato de aquela congregação estar desiludida devido a uma terrível divisão provocada pelo pastor anterior, que encorajou um grupo de cem pessoas a sair com ele para formar outra congregação. E bastaram apenas alguns meses para que eu percebesse que entendia muito pouco sobre liderar uma organização com aquele tamanho e complexidade, e ainda por cima, tão ferida. Com meus 27 anos, eu estava completamente perdido. Passara meus anos no seminário pensando que tudo que alguém precisava para liderar era uma mensagem carismática e uma visão encorajadora, e tudo o mais na vida da igreja seria perfeito. Ninguém havia me falado sobre grupos a serem dirigidos, equipes esperando resultados e congregações precisando ser curadas. Há quem tenha bom conhecimento de como conduzir uma comunidade cristã. Eu não tinha.
Geralmente, quando se entra num processo de crescimento descontrolado de uma organização, abandonam-se os princípios sobre os quais ela foi constituída
Foi naqueles dias de angústia que fui apresentado ao meu primeiro livro de liderança organizacional, The Effective Executive (“O executivo eficiente”), de Peter Drucker. Ali, percebi como as pessoas estão dispostas a alcançar objetivos que não podem ser atingidos. Aquele livro, provavelmente, me livrou de um nocaute no primeiro round em minha vida como um pastor. Desde aquela época, mais de quarenta anos atrás, incontáveis outros autores tentaram aprimorar os insights de Drucker. E nenhum deve ter tido mais sucesso nessa tarefa quanto Jim Collins. Não sei se ele tinha pessoas como eu em sua mente quando ele escreveu seus livros, mas muitos de nós, engajados ou não no trabalho pastoral, aprendemos muito com ele.

Recentemente, Collins e seu grupo de pesquisadores escreveram uma obra menor, com o nome How the Mighty Falls (ainda sem titulo em português), que segundo ele começou como um artigo e terminou como um livro. Collins afirma que foi inspirado em uma conversa durante um seminário, no qual alguns poucos líderes de setores tão diversos como o militar e o de empreendimentos sociais reuniram-se para explorar temas de interesse comum a todos.  O tema era a grandeza da América e os riscos desse gigantismo. O receio geral era de que o sucesso encobrisse o perigo e os alertas do declínio. Saímos de lá pensando em como seria possível perceber que uma organização aparentemente saudável enfrentava sérios problemas.
Um indício claro de declínio é desencadeado quando líderes ignoram ou minimizam informações críticas, ou se recusam a escutar aquilo que não lhes interessa
Parece ser cada vez mais real o fato de que grande parte dos líderes desconhece o problema vivido na sua organização. Em seu livro, Collins identifica cinco estágios no processo de derrapagem de uma instituição. O primeiro é a autoconfiança como fruto do sucesso. “Prestamos um desserviço a nós mesmos quando estudamos apenas sobre o sucesso”, afirma Collins.

Uma pesquisa e análise acerca de empreendimentos, até mesmo na literaturas de liderança eclesiástica, mostra que poucos livros investigam as raízes do fracasso. Parece que existe no segmento cristão a presunção de que o sucesso é inevitável, razão pela qual não se torna necessário considerar as possíveis consequências de uma queda.

A confiança exagerada em si mesmos, nos sistemas que criam ou na própria capacidade para resolver tudo faz com que os líderes não enxerguem seus pontos de fraqueza. Subestimar os problemas e superestimar a própria capacidade de lidar com eles é autoconfiança em excesso. A ganância e a busca desenfreada por mais é outra das principais situações que derrubam um grupo ou organização. Geralmente, quando se entra nesse processo descontrolado, abandonam-se os princípios sobre os quais a entidade foi constituída.

A busca pelo crescimento exagerado é o segundo estágio que antecede a derrocada, seja de uma organização secular ou de um ministério cristão. Muitos líderes tornam-se cegos pelo êxtase do expansionismo. Constantemente surge uma necessidade em tais líderes de mostrarem-se capazes, e eles não conhecem outra forma de fazer isso que não seja tornando seus empreendimentos maiores, independente das consequências. É a incessante idéia de que tudo tem que crescer e crescer. Todavia, impressiona o fato de que a cobrança de Jesus aos seus discípulos estivesse relacionada à necessidade de fazer novos discípulos, e não de construir grandes organizações. Ele parecia saber que discípulos bem treinados em cada cidade e povoado dariam conta de conduzir o movimento cristão de forma saudável. Talvez Jesus temesse exatamente o que está acontecendo hoje: a sistematização do movimento cristão, sua centralização e expansão tão somente para causar uma impressão.

O terceiro estágio de declínio identificado por Collins é desencadeado quando líderes e organizações ignoram ou minimizam informações críticas, ou se recusam a escutar aquilo que não lhes interessa. A negação dos riscos é um perigo iminente – e riscos não levados a sério são justamente aqueles que, posteriormente, causam grandes estragos na organização. É preocupante, para Collins, quando organizações que baseiam suas decisões em informações inadequadas. Em meu ministério de liderança, cedo aprendi a temer conselhos que começam com expressões como “Estão dizendo” ou “O pessoal está sentindo”. Prefiro valorizar dados precisos, vindas de pessoas confiáveis, sábias, que se engajam na tarefa de liderar a comunidade com sensatez. Isso nos possibilitou caminhar ao lado de gente que jamais imaginávamos que caminharia conosco. Nada me foi mais valioso do que receber, delas, informações que me ajudaram a conduzir minha congregação.

O estágio quarto começa, escreve Jim Collins, “quando uma organização
reage a um problema usando artifícios que não são os melhores”. Ele dá como exemplo uma grande aposta em um produto não consolidado, o lançamento de uma imagem nova no mercado, a contratação de consultores que prometem sucesso ou a busca de um novo herói – como o político que vai salvar a pátria ou o executivo que em três meses vai tirar a empresa do buraco. Eu me lembro de épocas nas quais eu estava desesperado por vitórias que fariam com que minha igreja deixasse de caminhar na direção em que estava caminhando – para o abismo. Ao invés de examinar o que nossa congregação fazia nas práticas essenciais de serviço ao povo, centrada no serviço a Cristo, fui tentado a me concentrar em questões secundárias: cultos esporádicos de avivamento, programações especiais, qualificação de nossa equipe de funcionários. Hoje eu vejo o que tentei fazer: promover salvação de vidas através de publicidade, uma grande apresentação o um excelente programa. Graças a Deus, aprendi – assim como aqueles ao meu redor – que artifícios assim não funcionam. O que funciona é investir em pessoas, discipulá-las, conduzi-las a Jesus e adorá-lo em espírito e em verdade, fazendo com que as coisas estejam em seu devido lugar.

Collins menciona ainda o estágio cinco da decadência, que é o da rendição. Se as coisas saem do eixo organizações como igrejas tendem a perder a fé e o espírito. Penso que o templo em Jerusalém deve ter ficado dessa forma quando Jesus se retirou de lá e disse que não voltaria àquele lugar. Ele estava antecipando o dia, que estava por vir, quando não restaria pedra sobre pedra ali. Não muito tempo atrás, eu estava em frente ao templo de uma igreja no País de Gales. Na porta, estava a seguinte placa: “Vende-se”. Uma outra placa indicava que aquele prédio havia sido construído no período do grande avivamento britânico, no século 18. Agora, o prédio estava escondido entre a vegetação, completamente abandonado.

Quando começa a morte de uma organização? Quem perdeu os sinais que indicam vida? Quem abandonou os princípios essenciais? Quem não entendeu as informações? Quem está correndo, completamente perdido no meio da multidão, sem saber pra onde ir? Essas são boas perguntas. Se ignoradas, a igreja cairá.

Gordon MacDonald é editor da revista Leadership

A simplicidade do Evangelho

A proposta de Jesus era resgatar o real sentido das ordenanças divinas
Um único trecho da Bíblia, o capítulo 12 do evangelho segundo Mateus, traz pequenos relatos em que é exposta a simplicidade de Jesus desmascarando a arrogância dos mestres da lei e dos fariseus de seu tempo. As autoridades religiosas do contexto histórico em que o Filho de Deus viveu neste mundo censuravam-no constantemente. Incomodados porque seus seguidores colhiam e comiam espigas no dia considerado sagrado, os fariseus reclamaram: “Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito no sábado” (Mateus 12.2). A estes, Jesus responde dizendo que a misericórdia era mais importante do que o sacrifício. 

Mais adiante, os doutores continuaram procurando ocasião para acusá-lo como infrator da lei. Diante da cura de um enfermo em plena sinagoga, saíram-se com esta: “É lícito curar no sábado?” (vs. 10). Quando Jesus libertou um opresso das amarras dos demônios que o atormentavam, os escribas e fariseus blasfemaram: “Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios” (vs. 24). Por último, pediram ao Mestre que fizesse algum sinal (vs. 38). De forma indireta, Cristo responde que o principal sinal seria a sua própria ressurreição – mas advertiu que, mesmo assim, eles continuariam incrédulos.

Jesus foi muito perseguido pelos clérigos porque a sua mensagem os expunha. Os líderes judeus sobrecarregam o povo com obrigações inócuas, criando um sistema religioso que mantivesse seu poder e seus privilégios. O detalhe é que o Salvador não tinha dificuldades com a lei mosaica, pois foi o próprio Deus que a deu. O incômodo de Jesus era com os apetrechos e pesos que as autoridades religiosas vinham colocando sobre essa lei. Sua proposta era resgatar o real sentido das ordenanças divinas – e ele a expressou com uma proclamação antológica: “Vinde a mim vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. A religiosidade sobrecarrega, enquanto que a mensagem de Jesus alivia.

Dois mil anos se passaram, e quando analisamos o cristianismo que temos vivido, percebemos que também nós, à semelhança daqueles fariseus e doutores da lei, temos posto tantos apetrechos no Evangelho que a prática de nossa fé se torna pesada e confusa. A Igreja Evangélica de hoje vive às voltas com práticas doutrinárias e litúrgicas heterodoxas, colocando sobre os crentes um fardo de regras e obrigações difíceis de suportar. As organizações eclesiásticas do século 21 parecem envolvidas numa série de práticas que não a aproximam da verdadeira essência do Evangelho proposto pelo Salvador.

É necessário pensar no que de fato é a experiência do Reino de Deus e no que é simples ornamento. Podem ser ornamentos belos, úteis, justificáveis, funcionais e bem intencionados; práticas inteligentes, sofisticadas e com alto poder de alcance – no entanto, não é isso a essência da vida cristã. As estruturas eclesiásticas não são a Igreja. As coisas que construímos para facilitar a divulgação da fé não podem ser confundidas com o próprio Evangelho. Pastores vivem tentados a impressionar os ouvintes com o poder das suas palavras. Quando nos damos conta de que o teor estético das mensagens sobrepuja a espiritualidade, já estamos viciados em técnicas de oratória. É um efeito perverso, que se volta contra o próprio pregador. E o pior é que nem sempre a palavra profética cabe nos invólucros eclesiásticos.
Há a construção de uma dicotomia artificial nas nossas igrejas. Pensam alguns que espiritual é tudo que é apresentado numa roupagem exótica e excêntrica. Sob esta perspectiva, o que genuinamente vem de Deus é aquilo que é desconhecido e diferente. Em decorrência desse pensamento, práticas espirituais rotineiras como estudo da Bíblia, oração sistemática, serviço cristão e comunhão são vistos como traços da tradição que não provocam calor nem rubor. O templo, as organizações eclesiásticas, a liturgia, os programas e as atividades não são em si o Evangelho. É possível viver o Evangelho sem se envolver com essas estruturas eclesiásticas, assim como é possível estar totalmente envolvido com elas e não conhecer a Cristo.

Sofremos da epidemia que reduz Deus a coisas temporais da igreja ou na igreja. Acontece que quem vive para fazer um mecanismo funcionar com a força do próprio braço tende inexoravelmente à exaustão. Esgota-se quem carrega os apetrechos da fé. Talvez a confissão de pecado que tenhamos que fazer como Igreja cristã acentuadamente dogmática e institucionalizada seja por ter tirado Deus do centro e posto em seu lugar as coisas referentes a ele. O Espírito Santo pode agir dentro das estruturas que criamos, mas age também a despeito delas. Por isso, não é aconselhável que se baseie a vida em nome de um brasão eclesiástico ou denominacional, mas é coerente que aqueles que têm crido entreguem-se por completo ao Senhor, a fim de que o Evangelho floresça.

Valdemar Figueiredo Filho

Fonte: Cristianismo Hoje

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Eu continuo acreditando na Igreja

Apesar dos teólogos da prosperidade, eu continuo acreditando na Igreja.
Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.

O Credo Apostólico é o mais conhecido dos credos, e é atribuído pela tradição aos doze apóstolos. Mas os estudiosos acreditam que ele se desenvolveu a partir de pequenas confissões batismais empregadas nas igrejas dos primeiros séculos. Embora os seus artigos sejam de origem bem antiga, acredita-se atualmente que o credo apostólico só alcançou sua forma definitiva por volta do sexto século, quando são encontrados registros do seu emprego na liturgia oficial da igreja ocidental. O Credo Apostólico, assim como os Dez Mandamentos e a Oração Dominical, foi anexado, pela Assembléia de Westminster, ao Catecismo. “Não como se houvesse sido composto pelos apóstolos, ou porque deva ser considerado Escritura canônica, mas por ser um breve resumo da fé cristã, por estar de acordo com a palavra de Deus, e por ser aceito desde a antigüidade pelas igrejas de Cristo.”

Caro leitor, creio em cada palavra desta confissão, inclusive na Santa Igreja UNIVERSAL.

Sim. Eu creio.

Apesar dos falsos apóstolos que comercializam a fé evangélica, EU CREIO;

Apesar dos adeptos da teologia da prosperidade sejam milhões, EU CREIO;

Apesar dos vendilhões do templo que vendem sementes, EU CREIO;

Apesar dos lobos travestidos de ovelhas que enganam multidões em nome de Cristo, EU CREIO;

Apesar dos "valdomiros, macedos, murdocks, cerullos, malafaias, hernandes, felicianos" e tantos outros mais, eu continuo CRENDO.

Sim eu continuo crendo na IGREJA do meu Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Soli Deo Glória,



Autor: Pr. Renato Vargens


Fonte: CACP

Começam negociações de paz indiretas entre Israel e os palestinos

Negociações indiretas entre Israel e os palestinos começaram neste domingo, segundo o negociador chefe palestino.

Saeb Erekat falou após um encontro entre o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, George Mitchell e o líder palestino Mahmoud Abbas.

Mitchell fará agora a mediação entre os dois lados, com expectativas de que conversas diretas comecem em quatro meses.

A retomada das negociações, em março, foi suspensa após uma disputa envolvendo a construção de novas casas israelenses em Jerusalém Oriental, que os palestinos querem como capital de seu futuro Estado.

As conversas diretas foram suspensas em 2008 depois que Israel lançou uma ofensiva militar em Gaza.

Mitchell já teve uma série de encontro com Abbas e com o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu na última semana.

Netanyahu disse neste domingo que espera que as conversas indiretas se tornem negociações diretas rapidamente.

“A paz não pode ser trazida à distância, ou por controle remoto”, disse.

A retomada das negociações ocorre um dia depois de ter recebido o apoio de líderes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP)

A decisão foi anunciada no sábado após uma reunião de três horas do comitê executivo do grupo, na Cisjordânia.

Assentamentos

Os palestinos se retiraram das negociações depois que Israel lançou uma ofensiva contra o grupo Hamas, em Gaza, no fim de 2008.

Tentativas de reiniciar as conversas, em março deste ano, acabaram sendo atrapalhadas pela disputa sobre a construção de assentamentos em Jerusalém Oriental, que os palestinos querem como capital de seu futuro Estado.

O anúncio gerou tensões na relação entre Israel e os Estados Unidos.

Em novembro, Israel anunciou uma suspensão de dez meses nas construções na Cisjordânia, sob pressão americana.

Mas o país considera que Jerusalém Oriental faz parte de seu território e por isso não precisa obedecer às restrições.

Israel ocupou a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, em 1967 e insiste que Jerusalém é sua capital indivisível.

Quase 500 mil judeus vivem em mais de 100 assentamentos na Cisjordânia, em meio a uma população palestina de 2,5 milhões.

Os assentamentos são considerados ilegais sob a lei internacional, o que Israel combate.

Fonte: BBC Brasil

Respostas aos sem Igreja!





A Revista Igreja publicou uma matéria afirmando que grupos independentes de cristãos se multiplicam por todo país. Segundo estes é possível servir a Cristo e cultuá-lo longe das quatro paredes dos templos evangélicos. O Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou para o fato de que quase 1,1 milhão de brasileiros que se declararam evangélicos não possuem vínculo institucional.

Lamentavelmente boa parte desse contingente que se declara desiludida com as instituições religiosas, resolveu formar um grupo de cristãos que realizam reuniões nos lares, sem vínculos com igrejas. Talvez o número de escândalos financeiros e sexuais ocorrentes nas comunidades ditas cristãs, o surgimento e a multiplicação de heresias escabrosas, o coronelismo e a ditatura "ex-cátedra" dos apóstolos do século XXI, além do relativismo de um tempo pós-moderno, tenha contribuido para o aparecimento desta "nova classe" de evangélicos.

Em virtude disto, existe um grupo cada vez maior de cristãos que devido as frustrações eclesiásticas abandonaram a margem da existência o barco da koinonia. Alguns destes, movidos por uma espiritualidade capenga até fazem reuniões em casa, no entanto, já não vêem referências de cristianismo nas igrejas em geral.

Isto posto, gostaria de contra-argumentar aos que pensam que podem desenvolver uma fé longe da Igreja, afirmando que a Igreja de Cristo é uma instituição de origem divina. Ela não foi criada por homens inescupulosos, ou por religiosos despósticos cujo interesse fundamental era a satisfação pessoal. Muito pelo contrário, a Igreja foi criada por Cristo e para Cristo, o que nos leva entender que ela possui papel primordial na propagação dos valores do Reino. (Mt 16.15-19). Além disso, a igreja é a "communion Sanctos" , lugar de comunhão e relacionamento com Deus e com os homens cuja característica principal é o amor.

Junta-se a isso o fato de que a igreja é também um local de compromisso com Deus e com os eleitos de Deus, o que faz dela uma estrutura imprescindível ao crescimento cristão onde a Palavra é pregada como também os Sacramentos são ministrados.

Caro leitor, alguém já disse que Igreja é como a Arca de Noé, lá dentro o cheiro pode até ser insuportável, no entanto, é bem melhor estar dentro dela do que fora.

Sem a menor sombra de dúvidas a igreja é imperfeita e continuará assim até a volta de Cristo. Como bem disse o teólogo reformado Augustus Nicodemus, "a teologia Reformada não deixa dúvidas quanto ao estado de imperfeição, corrupção, falibilidade e miséria em que a igreja militante se encontra no presente. Ao mesmo tempo, ensina que não podemos ser cristãos sem ela. Que apesar de tudo, precisamos uns dos outros, precisamos da pregação da Palavra, da disciplina e dos sacramentos, da comunhão de irmãos e dos cultos regulares."

Pense nisso!


Autor: Pr. Renato Vargens

Fé e esperança sobre rodas


Ministério Joni e Amigos realiza trabalho cristão de apoio a portadores de deficiência física ao redor do mundo


“Deus, se eu não posso morrer, então mostra-me como devo viver.” A oração, em tom de desespero, foi feita em 1967 por Joni Eareckson Tada, uma jovem americana então com 17 anos. Crente daquelas nominais, que achava fazer um favor a Deus acreditando nele, a garota acabara de ver interrompidos todos os sonhos e expectativas típicos da adolescência. Um mergulho mal calculado em águas rasas provocou uma dramática guinada em sua trajetória. O clamor, feito depois que ela recebeu a dura notícia de que seu corpo estava definitivamente paralisado do pescoço para baixo, foi plenamente respondido – Joni não apenas aprendeu a viver com sua deficiência como fez dela a motivação para uma intensa atividade espiritual e social. Passado mais de 40 anos, ela está à frente da organização Joni and Friends (“Joni e amigos”), que tem levado esperança e inspiração a pessoas com necessidades especiais em todo o mundo. Ao todo, a organização já distribuiu, gratuitamente, quase 50 mil cadeiras de rodas, além de aparelhos ortopédicos, próteses e medicamentos em dezenas de países – inclusive no Brasil, que a entidade visitará em setembro próximo.

Nascido em 1979, em Burbank, na Califórnia, o ministério Joni and Friends (JAF) tem a visão de promover e potencializar o trabalho cristão entre os portadores de deficiências físicas e seus familiares. O desafio consiste em empurrar as igrejas para além da apatia com a qual normalmente encaram tal responsabilidade, equipando-as para uma ação mais dinâmica e eficaz junto a um segmento historicamente negligenciado e cada vez mais numeroso. Estima-se que, só no Brasil, cerca de 18 milhões de pessoas convivem com alguma deficiência física, motora ou mental. “Nós queremos que a igreja de Jesus Cristo valorize as pessoas deficientes como membros mais fracos, merecedores de maior honra”, costuma dizer Joni, citando o texto de 1 Coríntios 12.22-23.

Buscando conscientizar as igrejas e simultaneamente atender às demandas espirituais e psico-afetivas deste segmento, JAF iniciou seu ministério promovendo pequenos retiros em parceria com igrejas que abraçaram a visão. Hoje, centenas de pessoas participam dos eventos promovidos pela entidade todos os anos. Os resultados destes encontros, testemunha Kim Shanower – há 17 anos com JAF e atual líder do ministério no Brasil – têm sido “a reinclusão dos deficientes e seus familiares na sociedade e a salvação de muitas, muitas almas”. A ponta de lança do ministério é o programa Wheels for the World (Rodas para o Mundo), que distribui gratuitamente cadeiras de rodas aos carentes. Boa parte delas são reformadas por detentos de 17 penitenciárias americanas, além de um batalhão de voluntários.

No Brasil, JAF já realizou duas distribuições em 2006 e 2007, contando sobretudo com a assistência de associações filantrópicas seculares, como o Rotary Club, uma vez que a maioria das igrejas ainda ignora a presença do ministério no Brasil. Kim Shanower, que juntamente com a missionária inglesa Gaynor Smith coordenou as duas distribuições ocorridas na sede do Clube Naval na cidade de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, recorda o sucesso que foi a última edição do evento, em outubro do ano passado: “Nós pesquisamos as necessidades de vários centros de reabilitação nos arredores do Rio. E, com a ajuda do Rotary Club, distribuímos 200 cadeiras”, lembra. A próxima já está marcada para o dia 22 de setembro, no mesmo local.
Embora a participação evangélica nestas ocasiões ainda seja pouco expressiva, Kim acredita haver um crescente interesse pelo ministério de JAF. “Estamos começando a ver mais igrejas se unindo a nós e solicitando que realizemos workshops e seminários temáticos”, afirma. Além disso, diz ela, diversos grupos cristãos têm buscado treinamento e capacitação para trabalhar com pessoas portadoras de necessidades especiais.
Testemunho – Evidentemente, a história pessoal de Joni é a principal inspiração do ministério. Pouco depois do acidente, enfadada com as exaustivas sessões de fisioterapia, ela desenvolveu a notável habilidade de escrever e desenhar com o lápis entre os dentes. Logo começou a pintar quadros e uma de suas exposições, na cidade americana de Baltimore, foi mostrada pela TV local, A reportagem chamou a atenção dos produtores do programa The Today Show, da rede NBC. Joni foi convidada para uma entrevista com a célebre jornalista Barbara Walters. Transmitida ao vivo para todos os EUA, a conversa fez da moça uma celebridade.

Logo uma editora encomendou-lhe um livro. Assim nasceu Joni, an unforgettable story (“Joni, uma história inesquecível”), publicado em 1976 e que alcançou enorme sucesso editorial em todo o mundo, sendo lançado no Brasil pela Editora Vida. Pouco depois da publicação de sua autobiografia, a Associação Evangelística Billy Graham a convidou a participar da produção do longa-metragem Joni. Além de co-escrever o roteiro do filme, Joni atuou também como atriz no papel dela mesma. Dali para a frente, a americana, que parecia condenada a uma vida quase vegetativa, tornou-se uma artista, escritora, conferencista e radialista de sucesso. Seus livros, quadros e testemunho de fé inspirariam milhões de pessoas ao redor do globo e abriria portas inimagináveis para a comunicação do Evangelho.

O enorme crescimento de sua popularidade e as milhares de cartas que passou a receber de pessoas que encontraram no seu exemplo coragem para viver levaram Joni a finalmente compreender a passagem de Romanos 8.28 – “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que temem a Deus”, como ela mesma declarou num artigo intitulado Rodas da liberdade, publicado na revista Christianity Today: “Percebi que o conceito de ‘bem’ que Deus tinha para mim não incluía ficar em pé. As coisas que cooperavam para o meu bem diziam mais respeito a uma atitude de apreciação às pequenas coisas, como uma profunda gratidão pelas amizades, e um caráter que refletisse paciência, persistência e alegria que não dependem das circunstâncias. Minha cadeira de rodas é a prisão que Deus tem usado para libertar meu espírito”, escreveu. E, a julgar pelos resultados de seu ministério, para libertar também inúmeras outras vidas ao redor do mundo.

Leandro Marques

Fonte: Cristianismo Hoje

O céu não é a questão


Não há acordo na Igreja hoje em dia sobre o que acontece com as pessoas quando morrem, embora o Novo Testamento seja claro sobre o assunto. Paulo fala da “redenção do nosso corpo” em Romanos 8.23. Não há espaço para dúvidas sobre o que ele quer dizer: ao povo de Deus é prometido um novo tipo de existência corporal, a completude e redenção da nossa vida corporal presente. O resto dos primeiros escritos cristãos, onde este assunto é abordado, estão em completa sintonia com isto.

O quadro tradicional de pessoas que vão para o céu ou para o inferno como uma jornada pós-morte, com um estágio de duração, representa uma séria distorção e diminuição da esperança cristã. A ressurreição do corpo não é nada diferente desta esperança – é o elemento que dá forma e significado ao resto da história dos últimos propósitos de Deus. Se resumida, como muitos têm feito, ou até deixada de lado, como outros fizeram explicitamente, perde-se esta visão extra, uma espécie de “peça central” da fé, que a faz funcionar. Quando falamos com precisão bíblica sobre a ressurreição, descobrimos uma base excelente para um trabalho cristão criativo e vivo no mundo presente, e não, como alguns supõem, mero escape ou devoção
sacrificial.

Enquanto o paganismo greco-romano e o judaísmo possuíam uma grande variedade de crenças sobre vida após a morte, os primeiros cristãos, a começar por Paulo, eram memoravelmente unânimes acerca do tema. Quando Paulo fala, em Filipenses 3, sobre a “cidadania dos céus”, o apóstolo não quer dizer que vamos nos aposentar na eternidade após terminar nosso trabalho aqui. Ele diz na linha seguinte que Jesus virá dos céus para transformar nossos corpos humilhados do presente em um corpo glorioso como o seu. O Senhor fará isto através do seu poder, já que tudo está sob o seu domínio. Esta declaração contém, em suma, mais ou menos o que Paulo pensa sobre o assunto. Jesus ressurreto é tanto o modelo para o corpo futuro dos cristãos como a forma pela qual este corpo chegará.

O corpo ressurreto de Jesus, que para nós é quase inimaginável neste momento em toda a sua glória e poder, será o modelo para o nosso próprio corpo. Mas a passagem mais clara e forte é a de Romanos 8.9-11. Se o Espírito de Deus habita em alguém, então aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos dará vida a seu corpo mortal. Outros escritores do Novo Testamento apóiam essa idéia. A primeira carta de João declara que, quando Jesus aparecer, seus servos se tornarão como ele, pois o verão como é. Cristo reafirma a ampla expectativa dos judeus sobre a ressurreição no último dia e anuncia que a hora já havia chegado: “Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão”. De outra feita, garante: “Não fiquem admirados com isso, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão – os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados”.

É claro que haverá uma futura completude envolvendo a última ressurreição. A compreensão teológica em Lucas não deixa dúvidas, sobretudo no que se refere à passagem do ladrão da cruz – aquele que ouviu do Salvador as seguintes palavras: “Hoje, estarás comigo no paraíso”. Lucas deve ter compreendido tal afirmação como uma referência a estar na eternidade. Com Jesus, a esperança futura chega ao presente. Para aqueles que morrerem na fé, antes do acordar final, a promessa central é estar com Jesus de uma vez. “Meu desejo é partir e estar com Cristo, o que é muito melhor”, disse Paulo.
Aqui precisamos discutir o que Jesus quer dizer quando declara que “há muitas moradas” na casa de seu Pai. Tal descrição tem sido muito utilizada, não só no contexto de perdas para dizer que os mortos (ou pelo menos os cristãos que partem) simplesmente irão para o céu permanentemente, ao invés de serem ressuscitados subsequentemente para uma nova vida corpórea. Mas a palavra “moradas” – monai –, é regularmente usada no grego antigo não para designar um lugar de descanso final, mas para um local temporário, em uma jornada que levará a outro lugar no final. Isto se encaixa às palavras de Jesus para o criminoso na cruz: “Hoje você estará comigo no paraíso”. Apesar de uma longa tradição de erros na leitura, “paraíso”, aqui, não significa o destino final, mas um jardim, uma terra de descanso e tranqüilidade, onde os mortos encontram refrigério enquanto esperam pelo fim do novo dia.

A questão principal da frase está no aparente contraste entre o pedido do criminoso e a resposta de Jesus: “Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”, o que significaria que isso seria num tempo distante no futuro. Contudo, a resposta de Jesus traz a esperança futura para o presente, significando que com a sua morte, o Reino de Deus é chegado, apesar de não parecer nada com aquilo que as pessoas imaginavam. Tal certeza é sintetizada na sua célebre frase: “Hoje você estará comigo no paraíso”.
A ressurreição então aparecerá com o significado da palavra no mundo antigo, quando não era uma forma de falar sobre a vida depois da morte. Era uma forma de referir-se sobre uma nova vida do corpo após quaisquer estados de existência as pessoas entrariam com a morte. Era, em outras palavras, a vida após a vida após a morte. O que dizer então sobre passagens como I Pedro 1, que fala sobre a salvação que está “guardada nos céus”, para que no presente creia que receberá “a salvação de suas almas”? O Cristianismo ocidental nos dirige em uma direção equivocada. A maioria dos Cristãos hoje, ao ler uma passagem como esta, assume que o significado seja que o céu é aonde você vai para receber esta salvação, ou até, que a salvação consiste em “ir para o céu quando você morre”.

A forma como agora compreendemos a linguagem no mundo ocidental é completamente diferente do que Jesus e seus ouvintes compreendiam e significavam. Para começar, o céu é na realidade uma forma reverente de falar sobre Deus, portanto as “riquezas do céu” significam simplesmente “as riquezas da presença de Deus”.  Mas, por derivação deste primeiro significado, o céu é o lugar onde os propósitos de Deus para o futuro estão armazenados. Não significa o local onde eles devem ficar e, portanto, você deve ir até lá para aproveitá-los. É onde estão guardados até o dia em que se tornarão realidade na terra. A herança futura de Deus, o novo mundo incorruptível e os novos corpos que habitarão o mundo novo, já estão guardados, esperando por nós, para que apareçam no novo céu e nova terra.

N. T. Wright é bispo de Durham para a Igreja da Inglaterra. Extraído de seu último livro Surprised by Hope (Surpreendido pela esperança)

Fonte: Cristianismo Hoje