Rev. Herman Hoeksema
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
As confissões Reformadas enfatizam a obra do novo nascimento. A Confissão Belga menciona a regeneração, mas a referência é somente à regeneração no sentido mais amplo, como é evidente a partir do fato que a regeneração é mencionada apenas no contexto da santificação e boas obras:
Cremos que a verdadeira fé, tendo sido acesa no homem pelo ouvir da Palavra de Deus e pela obra do Espírito Santo, regenera o homem e o torna um homem novo. Esta verdadeira fé o faz viver na vida nova e o liberta da escravidão do pecado.2
É evidente, portanto, que a Confissão Belga não fala de regeneração em seu sentido mais particular, mas somente no sentido de santificação.
Contudo, os Cânones de Dort dão uma bela descrição dessa obra divina chamada o novo nascimento:
Deus realiza seu bom propósito nos eleitos e opera neles a verdadeira conversão da seguinte maneira: Ele faz com que ouçam o Evangelho mediante a pregação e poderosamente ilumina suas mentes pelo Espírito Santo de tal modo que possam entender corretamente e discernir as coisas do Espírito de Deus. Mas pela operação eficaz do mesmo Espírito regenerador, Deus também penetra até os recantos mais íntimos do homem. Ele abre o coração fechado e amolece o que está duro, circuncida o que está incircunciso e introduz novas qualidades na vontade. Esta vontade estava morta, mas Ele a faz reviver; era má, mas Ele a torna boa; estava indisposta, mas Ele a torna disposta; era rebelde, mas Ele a faz obediente. Ele move e fortalece esta vontade de tal forma que, como uma boa árvore, seja capaz de produzir frutos de boas obras.Esta conversão é aquela regeneração, renovação, nova criação, ressurreição dos mortos e vivificação, tão exaltada nas Escrituras, a qual Deus opera em nós, sem nós. Mas esta regeneração não é efetuada pela pregação apenas, nem por persuasão moral. Nem ocorre de tal maneira que, havendo Deus feito a sua parte, resta ao poder do homem ser regenerado ou não regenerado, convertido ou não convertido. Ao contrário, a regeneração é uma obra sobrenatural, poderosíssima, e ao mesmo tempo agradabilíssima, maravilhosa, misteriosa e indizível. De acordo com o testemunho da Escritura, inspirada pelo próprio autor desta obra, regeneração não é inferior em poder à criação ou à ressurreição dos mortos. Conseqüentemente, todos aqueles em cujos corações Deus opera desta maneira maravilhosa são, certamente, infalível e efetivamente regenerados e de fato passam a crer. Portanto a vontade que é renovada não é apenas acionada e movida por Deus, mas ela age também, sob a ação de Deus, por si mesma. Por isso também se diz corretamente que o homem crê e se arrepende mediante a graça que recebeu.3
Sempre tem havido diferença de opinião, e algumas vezes uma controvérsia acalorada, entre o povo e teólogos Reformados sobre a questão da relação entre regeneração e chamado. Em nossa opinião, haverá pouquíssima razão para essa controvérsia acalorada sobre esse assunto, se apenas fizermos distinções corretas e acuradas. Num certo sentido, de fato pode ser mantido que o chamado precede a regeneração, com a condição que definamos com clareza o que se quer dizer por chamado e renascimento. Em outro sentido, contudo, deve ser mantido mui definitivamente que a regeneração é a primeiríssima obra no coração do pecador, e que não pode haver nenhum ouvir salvífico da palavra de Deus sem essa regeneração do coração.
Fonte primária: Reformed Dogmatics, vol. 2, Herman Hoeksema, Reformed Free Publishing Association, pp. 35-36.
1E-mail para contato: felipe@monergismo.com. Traduzido em agosto/2008.
2Confissão Belga, Artigo 24.
3Cânones de Dort, III/IV:11-12.
Fonte Secundária: http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_regenerationconfessions.htm
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