sexta-feira, 25 de setembro de 2009

1 João 3




1 ¶ Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele.
2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos.
3 E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.
4 ¶ Qualquer que comete pecado, também comete iniqüidade; porque o pecado é iniqüidade.
5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado.
6 Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu.
7 Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo.
8 Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.
9 Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.
10 Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.
11 ¶ Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.
12 Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.
13 Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos odeia.
14 ¶ Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.
15 Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.
16 Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.
17 Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?
18 Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.
19 E nisto conhecemos que somos da verdade, e diante dele asseguraremos nossos corações;
20 ¶ Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas.
21 Amados, se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus;
22 E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista.
23 ¶ E o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o seu mandamento.
24 E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós, pelo Espírito que nos tem dado.

A decisão de querer ouvir a voz de Deus. - Pra. Luciene Soares

Domingo, 13 de Setembro
Preletora: Pra. Luciene Soares
Referência Bíblica: Nm 10.29-36
Tema: A decisão de querer ouvir a voz de Deus.




 Lendo este texto, vemos que Hobabe percebeu rapidamente a escolha que deveria fazer. Ele conhecia bem seu cunhado Moisés. Hobabe nada questionou, nem seguiu seu coração, mas fez a escolha que apontava para o coração e a vontade de Deus.

Assim como a União feminina do CEI, Israel também era um povo que desejava acertar e dedicava ao Senhor todos os seus passos no deserto. Moisés precisava da ajuda do Senhor para não se perder na caminhada e assim também somos nós. Estamos em um deserto e devemos aprender a identificar a voz do Senhor para usarmos nossa liberdade com sabedoria.

A vida nos leva a momentos de decisão e há dias em que não podemos errar. Por isso, devemos fazer como Moisés, parar e perguntar ao Senhor o que devemos fazer.

Muitas vezes tomamos decisões erradas das quais nos arrependemos depois. Falamos algo errado na hora certa, ou mesmo algo certo na hora errada. Usar a palavra certa é uma arte. A nossa maior decisão deve ser a de querer ouvir a voz do Senhor. Porque quando a ouvimos, sabemos exatamente que decisão tomar.

"chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me." (Gn 3.9,10)

Assim como o Senhor procurou e chamou Adão pelo nome, Ele continua a nos procurar e nos chamar pelo nome. A voz do Senhor é mansa e suave e devemos decidir ouvi-la para que não a confundamos com as muitas vozes que nos cercam.

"Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer." (Jo 15.15)

Jesus nos chama de amigos. Isso porque o que Ele ouve do Pai, Ele conversa conosco. Não há explicação porque Ele deseja conversar conosco, mas assim foi desde o Gênesis. Jesus deixa bem claro que Ele quer compartilhar coisas conosco e conversar. Então faça a escolha de ouvir a voz do Senhor. Ele quer conversar com você.

Mas por que Ele deseja conversar conosco? Quando oramos, nos colocamos em uma posição de servo e Senhor. Mas Ele quer nos levar a um grau mais profundo, a um grau de amigos.

O que um amigo faz quando encontra o outro? Ele coloca o papo em dia. Ele fala da sua vida e o outro tem prazer em ouvir e falar da sua vida também. Feliz é aquele que tem um amigo. Pois pode compartilhar de coisas grandes e de coisas pequenas também. Há prazer em compartilhar as coisas e é esta relação que Jesus quer ter conosco. Ele disse: Tudo o que o Pai fala comigo, eu falo com vocês, porque são meus amigos. Mas o pecado tem nos impedido de ouvir a voz de Deus. O Senhor quer que façamos as escolhas certas e a escolha número um é abrir os ouvidos para ouvir a Sua voz.

É impossível que alguém que ouve a voz do Senhor não seja guiado para um caminho de bênção. Mesmo em meio à tribulação, não nos sentimos abandonados, pois sabemos que estamos caminhando rumo à bênção.

O Senhor quer conversar e falar diretamente conosco. Deus não manda recados. Ele quer que desenvolvamos um relacionamento com Ele para que Sua voz seja ouvida diretamente nos nossos ouvidos.

Em Gênesis, Adão ouviu a voz do Senhor e teve medo. Muitas vezes ouvimos a voz de Deus e tememos. Quando Ele quer nos avisar que haverá espinhos no caminho, nós fingimos que não ouvimos.

"Mas eles gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo." (At. 7.56,57)

Neste texto, para não ouvir, eles gritavam e tampavam os ouvidos para abafar a voz do inocente.

Ou, como Samuel, muitas vezes ouvimos a voz de Deus, mas não entendemos, não conseguimos identificar a voz do Senhor nos chamando.

O Senhor quer te chamar e está te chamando, muitos estão ouvindo, mas não entendem. Outros erraram, e precisam de conserto, assim como Adão e Eva, para não precisar mais ter medo da voz do Senhor.

O Senhor nos diz para amar nosso próximo. Amar mesmo aqueles que não nos agradam. Para conseguirmos isso, precisamos do amor de Deus que já está em nós. Muitas vezes preferimos não entender a abrir mão de nós mesmos para que o amor de Deus possa aparecer.

O Senhor quer que paremos de pensar na nossa vontade e comecemos a pensar na vontade dEle e nos assuntos dEle. Mas para isso, precisamos estar em comunhão com Deus, ou o assunto não nos agradará.

Mas que tipo de assunto eu tenho, para que o Senhor venha conversar comigo? Que grau de amizade eu tenho com Deus? Qual o assunto que Deus vai falar comigo? Será que Ele pode confiar assuntos sérios a mim?

O Senhor busca a mim e a você para conversar. Escolha hoje ouvir a Sua voz e não perca a oportunidade de viver esta grande amizade com o Senhor. Ele quer conversar. Ele está caçando um amigo. Abra o seu ouvido e não permita que o erro venha a te impedir de viver essa amizade com o Senhor. Se você errou, o Senhor é misericordioso. Peça perdão e Ele irá restaurar a tua comunhão com Ele. Não tente ignorar a voz do Senhor gritando por causa dos teus problemas. Não permita que nenhum grito te impeça de ouvir a voz do Senhor, ou como Samuel, não fique sem entender que é o Senhor quem está te chamando. Samuel estava na casa de Eli, um profeta que não tinha mais o privilégio de ouvir a voz do Senhor. E não há nada pior do que, alguém que já tenha ouvido a voz do Senhor, não poder mais ouvi-la. Misericórdia é o que devemos pedir ao Senhor. Pois só ouvindo a Sua voz é que sabemos o que escolher e como viver.

Uma igreja que ouve a voz do Senhor obedece ao seu pastor e não se rebela. O braço do Senhor é mais forte que todos e é Ele quem decide as coisas. Façamos como o cunhado de Moisés. Tomemos a posição de fazer as escolhas certas, porque certamente, das nossas escolhas colheremos as nossas bênçãos mais tarde.

Escolha hoje ouvir a voz do Senhor!

Salmo 51


1 ¶ [Salmo de Davi para o músico-mor, quando o profeta Natã veio a ele, depois dele ter possuído a Bate-Seba] Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.
2 Lava-me completamente da minha iniqüidade, e purifica-me do meu pecado.
3 Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.
4 Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares.
5 Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.
6 Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria.
7 ¶ Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve.
8 Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste.
9 Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniqüidades.
10 Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.
11 Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.
12 Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.
13 Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão.
14 ¶ Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua louvará altamente a tua justiça.
15 Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor.
16 Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.
17 Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
18 Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém.
19 Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos sobre o teu altar.

Na quietude do coração

A vida agitada, corrida, tem provocado interferências na nossa intimidade com Deus (Lc 10. 41-42). 

Não é o barulho do dia-a-dia que nos impede de ouvi-lo. Qualquer um pode ter um momento com Deus, seja na agitação das barcas, dentro de um ônibus superlotado, ou no burburinho do shopping, etc. Na verdade, não é o barulho externo que nos impede de um contato íntimo com Deus, de uma experiência a mais, de um encontro a sós na agitação dos grandes centros – ainda que o profeta Elias esperasse encontrá-lo num forte vento, depois do vento um terremoto, e nada; depois do terremoto um fogo, e para a surpresa dele o Senhor não estava no fogo, na agitação da natureza (1 Rs19.11-12) – mas é precisamente o barulho interior que põe o silêncio em xeque.
Isso tudo me faz lembrar o barulho intenso, quase insuportável das grandes hélices dos galões com mais de três andares de altura na empresa farmacêutica, onde fazia a amostragem do caldo fermentado (antibiótico) para análise no laboratório. Por mais intenso que fosse aquele barulho, experimentava no silêncio do meu coração a voz do Senhor. Silêncio interior que indica a capacidade de conseguir se voltar inteiramente para Deus no mais profundo do íntimo, com o conseqüente domínio da mente, de tal forma que a pessoa seja sujeito e não objeto, capaz de concentrar todas as forças da atenção em Deus, em completa quietude. Mas veja, que é justamente o barulho interior que impede o silêncio, não o contrário. É nesse silêncio interior que se dá o cruzamento e integração dos dois grandes mistérios, o de Deus e o do seu próprio ser. Não foi sem razão que Jesus indicou esse caminho, o caminho do silêncio: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto” (Mt 6.5-8). Não serão muitas palavras, e nem a precipitação da boca e nem a pressa do coração que farão Deus te ouvir (Ec 5.2). Acalma-te, a ansiedade do coração é danosa (Pv 25). Não se importe com o barulho de fora, mas com a agitação incontrolável do seu interior. Toda a expectativa do profeta para ouvir Deus, não se deu da forma como ele imaginava, porém, “(...) depois do fogo uma voz calma e suave” (1Rs 19.11b).
Pr. Eliezer Alves de Assis

O Arrebatamento

O Arrebatamento

por Rev. Ronald Hanko



A palavra “arrebatamento” não aparece na Escritura, mas pode ser usada sem objeção para descrever o aparecimento súbito e visível de Cristo nos céus, e o arrebatamento dos seus santos para estar com ele naquele momento. A Palavra de Deus fala sobre isso em 1 Tessalonicenses 4:15-17.
Contudo, rejeitamos como anti-bíblico o ensino de que este arrebatamento seja secreto, que ocorra antes da grande tribulação final – de forma que o povo de Deus não passará pela tribulação – e que ele aconteça 1000 anos antes do fim do mundo (isto é, que seja pré-milenar). Estas idéias não têm apoio em 1Ts. 4, nem no restante da Escritura.
Que este arrebatamento é secreto claramente não é o ensino de 1 Ts. 4. Os eventos descritos ali são tudo, menos secretos! Lemos sobre um grande brado, a voz de um arcanjo e a trombeta de Deus. Cremos que poderia ser dito com segurança que este será um dos eventos mais ruidosos e menos secretos de toda a história.
Outras passagens que falam do mesmo evento nos deixam com o mesmo testemunho. Mateus 24:30-31, uma destas passagens, está descrevendo o mesmo evento de 1 Ts. 4. Ambas as passagens mencionam anjos, uma trombeta, e a reunião dos eleitos com Cristo. Contudo, Mateus 24:30-31 também nos diz que as tribos da terra lamentarão quando virem o Filho homem – absolutamente nada secreto aqui.
1 Coríntios 15:51-52 está indubitavelmente descrevendo a mesma coisa que 1 Ts. 4:15-17, isto é, que haverá dois grupos de santos que serão raptados, aqueles que morreram, e aqueles que ainda estão vivos. Os últimos são descritos em Coríntios como aqueles que não dormirão, e em Tessalonicenses como aqueles que estão vivos e ainda estarão vivos na vinda de Cristo. 1 Co. 15:51-52 ao descrever o “arrebatamento”, mostra que este é tudo, menos secreto.
As mesmas passagens deixam claro como cristal que este arrebatamento acontece no final de todas as coisas e após a tribulação final. Mateus 24:29 diz: “Logo em seguida à tribulação daqueles dias ...” E, quando lemos das tribos da terra se lamentando, este lamento refere-se à segunda vinda de Cristo para o julgamento no final do mundo, como é claro a partir de uma comparação de Apocalipse 1:7 com 6:12-17.
Da mesma forma, Mateus 24:37-41 e Lucas 17:28-37 descrevem este “arrebatamento”, mas como algo que acontece logo antes do último julgamento. O tomar e deixar as pessoas descritas nestas passagens é como nos dias de Sodoma, e como nos dias de Noé, isto é, aqueles que são deixados são deixados para julgamento, julgamento esse exatamente semelhante àquele de Sodoma e Gomorra (cf. também Judas 6-7) e do mundo nos dias de Noé (cf. também 2 Pedro 3:3-7).
Além do mais, 1 Ts. 4 fala da ressurreição dos nossos corpos, algo que a Escritura diz em outro lugar que acontecerá no último dia (João 6:39-40, 44, 54; 11:24). Certamente o último dia não é seguido por outros 365 dias. Não somente isto, mas João 12:48 nos diz que o último dia é também o dia do julgamento!
Portanto, esperamos não um arrebatamento secreto 1000 anos antes do fim do mundo e anterior à grande tribulação, mas um rapto público dos santos no fim de todas as coisas, o resultado do qual será que estaremos para sempre na glória com o Senhor (1 Ts. 4:17).
Fonte (original): Theological Bulletin, Vol. 7, nº. 16.

Uma Vinda Súbita e Inesperada

Uma Vinda Súbita e Inesperada

Ronald Hanko


Se o “arrebatamento” não é secreto, por que lemos da vinda de Cristo como súbita e inesperada (I Ts. 5:1-9)? Ele vem, a Escritura diz, como um ladrão na noite (Mt. 24:34; II Pe. 3:10; Ap. 3:3; 16:15). O que poderia ser mais secreto ou inesperado que isso?
A verdade é que Cristo vem como um ladrão inesperado somente em relação aos ímpios e incrédulos. 1Tesssalonicenses 5:1-9 deixa isso abundantemente claro. Ali Paulo fala de “eles,” os ímpios, em distinção de “vocês,” isto é, os santos. Ele nos diz que uma destruição inescapável virá sobre eles (v. 3), “mas vocês, irmãos, não estão nas trevas, para que esse dia os surpreenda como ladrão” (v. 4, NVI).
Os ímpios não estão esperando o julgamento final e a vinda de Cristo. Embora muitos deles tenham ouvido que ele está vindo e saibam que Deus julgará o mundo, eles detêm esta verdade em injustiça (Rm. 1:16). Eles são os escarnecedores de quem Pedro fala (II Pe. 3:1-8). Porque Deus não derrama sua ira sobre eles imediatamente, eles concluem que ele não os julgará de forma alguma. Nem eles reconhecem os julgamentos que Deus envia sobre eles agora como julgamentos (AIDS, terremotos, fomes, guerra).
Tais pessoas são encontradas na igreja também. Elas são representadas pelas cinco virgens néscias de Mateus 25 (vs. 1-13). Quando Cristo veio, elas estavam dormindo, sem óleo, e foram excluídas do banquete nupcial como resultado. Elas pertencem à igreja e têm o nome de crentes (virgens), mas são de fato hipócritas e incrédulos.
O povo de Deus não é tomado completamente desprevenido (prova adicional que o “arrebatamento” não é secreto), e estão, de fato, embora sempre imperfeitamente, vigiando e esperando a vinda de Cristo, crendo que ele certamente virá, como prometeu. Eles não estão nas trevas da incredulidade e do pecado, como I Ts. 5:4 nos lembra.
Todavia, mesmo eles não sabem o dia ou a hora da vinda de Cristo (Mt. 24:36, 42; 25:13; Mc. 13:32). Para eles, Cristo também diz: “Porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt. 24:44).
Por esta razão, temos o chamado urgente para vigiar, esperar e orar. Mateus 25:13 fala deste chamado. Assim também 1Ts 5: “Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios ... Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação” (vv. 6, 8).
Esta advertência é necessária! As cinco virgens “prudentes” também estavam dormindo quando o noivo chegou (Mt. 25:5). Elas tinham óleo em suas lâmpadas (o símbolo bíblico do Espírito de Deus), mas dormitaram. É com isto em mente que Jesus diz em outro lugar: “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc. 18:8), e isto em conexão com um chamado à oração fervorosa e freqüente.
Que precisamos desta advertência deveria ser evidente pelo fato de sermos frequentemente descuidados, e vivermos como se Cristo nunca fosse voltar. De fato, o pensamento de sua vinda agora mesmo, na maioria dos casos nos encheria de pavor. Oremos e vigiemos então, para não entrar em tentação.

Fonte (original): Covenant Reformed News, Vol. 7, issue 24.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A nossa felicidade ou infelicidade está em nossas mãos


É muito comum atribuirmos a alguém a nossa infelicidade, os nossos sentimentos, os nossos insucessos, as nossas ilusões (Gn 3.12). Mas, na verdade somos nós quem resolvemos se vamos ser felizes ou o contrário (Js 24.15). A decisão é exclusivamente nossa. É muito fácil arranjarmos desculpas para nossa conduta errada, e pôr a culpa de nossos atos livres em outras pessoas ou nas circunstâncias. A opção de escolha é sempre nossa. Por incrível que pareça, não são os outros que provocam nossas tristezas, irritações e doenças. Na verdade, nós mesmos que nos deixamos dominar pela irritação, mal-estar, tristeza, ou outros sentimentos negativos que incomodam profundamente.
A Bíblia indica o caminho da felicidade, que não pode depender do outro ou das circunstâncias da vida, “Aprendi a contentar-me em toda e qualquer situação” (Fp 4.11b). Isso não quer dizer necessariamente que devo sofrer calado, ou ficar totalmente passivo diante das adversidades. Muito pelo contrário, a minha felicidade não procede das circunstâncias, mas do meu interior. A nossa vida não deve, de modo algum ser regida pela resignação passiva, nem pela tristeza, mas pela alegria. Deus é o doador de toda alegria e de todas as bênçãos (I Rs 8.66). A grande dificuldade é que estamos sempre achando que nossa felicidade e o amor aos outros dependem deles, das circunstâncias de nossa vida, de bênçãos materiais, do sucesso pessoal, e é justamente o contrário (2 Co 6.10).

A alegria tem sua fonte no Senhor, dessa forma, fora de nós mesmos, significando a nossa dependência a Ele. É por isso que Paulo constantemente lembra seus leitores da existência dela, e os exorta a manifestá-la (Fp 3.1; 4.4; Rm 12.12; 2 Co 6.10). Paulo coloca a alegria em contraste direto com thlipsis, “aflição” ou “tribulação”, significando com isso, a angústia causada pelas adversidades externas (2 Co 2.4). Nada, absolutamente nada pode tirar a sua felicidade, nem a sua paz. Ambas as coisas procedem de Deus.

Pr. Eliezer Alves de Assis

O Evangelho

O Evangelho

Herman Hoeksema
Tradução de Rev. Pedro Corrêa Cabral

Para alguém que está familiarizado com as Escrituras Sagradas, a importância do assunto desse pequeno opúsculo, o Evangelho, será facilmente percebível. Tal assunto é da maior importância em si mesmo, e não simplesmente à luz de considerações de que ele sempre foi e ainda é mal entendido, em relação ao que é e como deve ser pregado. Apenas umas poucas referências bíblicas irão provar tal assertiva. Muito frequentemente, a Bíblia fala sobre o Evangelho direta ou indiretamente, definindo-o como "o evangelho de Deus" (Rm 1:1; II Co 11:7; I Ts 2:8-9; I Pe 4:17). Ou seja, é o evangelho de Deus, não o nosso. O Senhor o concebeu; tornou-o realidade e o proclamou. Consequentemente, se pretendemos pregá-lo, precisamos considerar como sendo de primeiríssima importância aprender diretamente de Deus o que o Evangelho é, qual o seu conteúdo e como deve ser proclamado.
No que se refere ao seu conteúdo, o Evangelho diz respeito ao Filho de Deus (Rm 1:3; Mc 1:1). Daí porque nele o Senhor declara algo sobre o Seu Filho unigênito, e nós devemos nos preocupar para que em nossas apresentações do Evangelho a imagem do Filho não seja distorcida. Esse Evangelho é, por isso mesmo também, chamado de Evangelho de Cristo, ou Evangelho de Jesus Cristo, o ungido Salvador (Rm 15:19; I Co 9:12; II Co 2:12; 9:13; 10:14; Gl 1:17). Ele é ainda definido como o Evangelho da glória do Deus bendito, razão pela qual nossa apresentação não pode ferir ou obscurecer tal glória (1 Tm 1:1), devendo, isto sim, a pregação refletir a luz da glória de Cristo e ser explicitamente declarada (II Co 4:4). Ele é também o Evangelho do Reino (Mt 4:23; 9:35; 24:14), e esse Reino, em sua concepção, origem, realização e futuro, deve ser corretamente exposto sempre que o evangelho for pregado. E além de definições como: O Evangelho da Graça, O Evangelho da Salvação, O Evangelho da Paz (At 20:24; Ef 1:13; 6:15), ele busca ainda introjetar em nossas mentes o fato de que aquele que lida com o Evangelho deve fazê-lo consciente de que é algo divino, muito precioso, exaltado em sua origem e conteúdo, o que pode facilmente ser maculado e corrompido na sua aplicação. Considerando, portanto, que é obrigação da Igreja de Jesus Cristo pregar o Evangelho, este evangelho de Deus, de Seu Filho, de Cristo Jesus, do Reino, da graça, da salvação, da paz, da glória de Deus e de Cristo, a toda criatura, de acordo com o mandamento deixado pelo Senhor; considerando que, em todos os tempos, especialmente nos dias atuais, existem pretensos pregadores que apresentam o evangelho como se ele fosse o mais barato artigo no mercado, prontamente temos que admitir que este assunto é, de fato, da maior importância.
Assim, proponho explanar esta matéria nos seguintes tópicos:
I – O Evangelho em seu conceito
II - O Evangelho em seu conteúdo
III - O Evangelho em seu cumprimento histórico
IV - O Evangelho em sua apropriada proclamação

I – O Evangelho em seu Conceito

A Bíblia emprega, com freqüência, dois termos que estão proximamente relacionados tanto em seus respectivos significados como, também, em suas sonoridades, no original grego. São os vocábulos espangelia e evangelion, o primeiro significando "promessa," e o segundo "evangelho." Que tais termos são semelhantes em nossas mentes fica evidente com maior razão pela expressão comum, freqüentemente usada e empregada pelas nossas confissões, a saber, "a promessa do evangelho". Tal expressão salienta que o evangelho contém uma promessa.
Entretanto, este relacionamento próximo entre "promessa" e "evangelho" tornar-se ainda mais claro e é visto numa diferente perspectiva, se nos debruçamos sobre a Escritura e descobrimos que, de acordo com ela, o evangelho é verdadeiramente o evangelho da promessa. Isso é diretamente expresso em Gl. 3:8 e em At. 13:32. O primeiro texto diz—Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. Observe-se que na última expressão temos a promessa.
Agora, de acordo com o texto, quando a promessa foi feita a Abraão, o evangelho foi pregado a ele. O evangelho e a promessa são, assim, identificados desta maneira, ou seja, a entrega da promessa por Deus a Abraão é por si só a pregação do evangelho. No outro texto, At. 13:32-33 lemos—Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus ...—Fica evidente que a promessa feita aos pais e cumprida em nós, seus filhos, é a mesma que está mencionada em Gálatas 3. Aqui fica igualmente claro que, da mesma forma que na passagem anterior, o apóstolo fala sobre a promessa, como sendo a pregação do evangelho, ou a proclamação das boas novas. O evangelho é, então, em sua essência, de acordo com seu conceito, o evangelho da promessa, e, neste sentido, chamamos a sua atenção, leitor, a fim de que tal evangelho seja divulgado em concordância com a verdade da Escritura.
Muito frequentemente, a Bíblia fala da promessa. Algumas vezes, refere-se a ela no plural, para expressar as riquezas de suas implicações. Contudo, mais amiúde, ela fala no singular para denotar unidade e identidade, mas sempre é a mesma promessa: a promessa que é feita a Abel, a Enoque, a Noé, a Abraão, Isaque e Jacó. Assim, por mencionar estes santos da antiga dispensação, e tendo falado de suas vidas e suas mortes, ou arrebatamento pela fé, o capítulo 11 de Hebreus nos diz no versículo 13—Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra.—E tendo revisto a vida e a batalha pela fé de muitos que formam a nuvem de testemunhas, incluindo-os todos em sua visão, o autor da carta aos Hebreus finalmente afirma no versículo 39—Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa ...
Estas passagens deixam claro, em todas elas, que havia uma promessa dada aos santos a qual eles abraçaram e creram, e pela qual viveram e morreram, pela qual estavam dispostos a ser estrangeiros e peregrinos na terra, passar fome, ser exilados e presos, suportar o martírio, a zombaria e toda sorte de sofrimentos. Eles foram mortos a fio de espada e serrados pelo meio, andaram peregrinos vestidos peles de cabras, afligidos, destituídos de seus pertences e atormentados de todas as maneiras. Todavia, na grandeza da fé e severidade do sofrimento desses patriarcas, podemos ver refletida a beleza e a riqueza da promessa que eles tinham e enxergar muito além disso. Gálatas 3 é um clássico capítulo sobre a promessa. Ele enfatiza que tal promessa foi feita a Abraão e à sua descendência, e que a semente do patriarca é central e essencialmente Cristo (v. 16). É óbvio que Cristo, o Descendente, que é o cumprimento da promessa, é, ao mesmo tempo também, o principal receptor dela. Ela afirma que a Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois da promessa a Abraão, não a pode anular (v. 17); mas Deus concedeu a herança a Abraão pela promessa (v. 18). Chega-se à conclusão que, se somos de Cristo, então somos descendência de Abraão e herdeiros de acordo com a promessa (v. 29).
Quanto ao conteúdo dessa promessa, a Bíblia fala dela como a promessa do Espírito Santo, dada a Cristo (At. 2:33) e àqueles que são dele pela fé (Gl. 3:14); é a promessa de vida (1Tm. 4:8; II Tm. 1:1); a promessa da vida eterna (I Jo. 2:25); a promessa da volta de Cristo (II Pe. 3:4); a promessa de entrar no descanso de Deus (Hb. 4:1); a promessa de ser herdeiro do mundo (Rm. 4:13); a promessa de trazer o Salvador da raiz de Davi (At. 13:23). Por essa razão, a Escritura fala ainda do Espírito como o Espírito da promessa (Ef. 1:13); de filhos da promessa, isto é, de filhos que são nascidos da descendência da promessa, pelo poder e de acordo com ela e sobre os quais ela descansa (Rm. 9:8). A Bíblia chama a atenção para os herdeiros e co-herdeiros da promessa, uma vez que nem todos os homens a receberam (Hb. 6:17, 11:9). E no início da Nova Aliança, a Escritura pontua em Atos 2:39—Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.
Nestas circunstâncias, é importante que entendamos claramente a natureza de uma promessa. Não é de forma alguma o mesmo que uma oferta. Nesta última acepção, a pessoa que faz a oferta declara sua disposição em fazer algo para ou a favor de quem a oferta é feita, mas para sua realização ela depende da disposição da outra parte, do seu consentimento. Entretanto, uma promessa é diferente. É uma declaração escrita ou verbal que compele à pessoa que a fez realizar ou desistir de realizar a coisa prometida. É, assim, um compromisso independente de qualquer dever ou obrigação por parte da pessoa a quem a promessa foi feita. Consequentemente, ela implica na declaração de certo benefício, com a garantia de que tal benefício será aplicado ou realizado a favor da pessoa a quem a promessa está dirigida. Esta garantia, em relação à promessa bíblica, é potencializada pelo fato de que o próprio Deus é quem a fez. Deus concebeu a promessa, logo é Ele quem realiza a coisa prometida. Ele declara a promessa, o que implica, em primeiro lugar, que tal promessa não pode estar condicionada, porque Deus é Deus, e o seu agir, com toda certeza, não pode estar na dependência da vontade da criatura. Em segundo lugar, isso significa que a promessa é tão fiel e verdadeira como Deus é imutável. Ele certamente cumprirá a promessa. Quando Ele se compromete a fazer ou entregar alguma coisa, Ele é obrigado por Ele mesmo e por todos os seus divinos atributos a realizar a promessa para quem ela foi feita, posto que Ele não pode negar a si mesmo.
Esse conceito da promessa, necessariamente, implica que ela é feita a um grupo definido de pessoas. Uma oferta, por outro lado, por ser dependente da aceitação e do consentimento de uma segunda pessoa, pode ser genérica, ou vaga. Uma promessa, no entanto, que compromete a parte promitente e que assegura sua realização, exige a existência de uma definida segunda pessoa. E é desta maneira que a promessa está nas Escrituras. Não obstante, a promessa é feita para Cristo e, através Dele, para a descendência de Abraão, para os filhos da promessa, para aqueles que são chamados herdeiros e co-herdeiros dela. Que este é, certamente, o conceito da promessa está claramente expresso na Escritura. Neste sentido, lemos em Hebreus 6:13-14,17—Pois, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, te abençoarei e te multiplicarei ... Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento.—Assim, para os herdeiros da promessa, ela é inevitável, porque está atrelada ao imutável propósito do Altíssimo.
Assim, o conceito do evangelho é que ele é uma agradável notícia sobre esta promessa de Deus. Agradável notícia de boas novas é o significado da palavra evangelion. Agradável notícia por duas razões: Em primeiro lugar, por causa da miséria atual dos herdeiros da promessa. Eles estão no mundo, e neste mundo estão sujeitos ao pecado e à corrupção, ao sofrimento e à morte. A experiência atual deles é de desespero e de angústia, de aflição e de tormento, de miséria e de gemidos. Mas a promessa assegura-lhes a libertação do presente estado de miséria e de completa pobreza espiritual. Em segundo lugar, o evangelho é agradável notícia porque trata da inefável riqueza da herança que está prometida. Contudo, a promessa não assegura aos herdeiros apenas a libertação do pecado e da morte, como também a restauração a um estado e a uma condição anterior, mas enche seus corações com uma esperança de glória jamais imaginada pelo homem. Compreende-se, portanto, que esta agradável notícia a respeito da promessa somente pode ser concedida por Ele, o Deus poderoso, que concebeu tal promessa. O Senhor proclama a promessa. Ele prega o evangelho. O Evangelho, que fala de coisas que olho algum viu, e ouvido algum ouviu, e que nunca foi concebido pelo coração do homem, somente pode vir através da revelação de Deus. Entretanto, esta revelação de Deus, esta divina proclamação do evangelho, sempre acontece por meio dos homens. Logo, aquele que prega o evangelho pode, com autoridade, declarar, em nome de Deus, a agradável notícia da promessa, sobre a certeza de seu cumprimento, sobre a riqueza de suas bênçãos e sobre o progresso de sua realização na história. Por toda a história da humanidade existem no mundo herdeiros da promessa. Eles conhecem a promessa. Estão ansiosos por ela e esperam por sua realização. Questionam sobre o seu conteúdo e sobre a proximidade de seu completo cumprimento. E aquele que pode responder a esses ansiosos questionamentos e trazer alguma boa notícia sobre a promessa está pregando o evangelho.

II - O Evangelho em seu Conteúdo

Tal assertiva deve determinar, como ficará evidente, o conteúdo do evangelho de Deus. Se ele é as boas novas sobre a promessa, isto é, sobre uma positiva garantia de Deus para a descendência de Abraão, os herdeiros da promessa, que o Senhor irá conferir uma grande bênção e uma gloriosa herança a eles, segue-se que o conteúdo do evangelho deve estar sempre em coerência com o conteúdo da promessa; e aquele que declarar qualquer coisa além de suas preciosas dádivas não esta pregando o evangelho, mas vãs filosofias de homens. Deve ser dessa maneira a certeza da promessa; a tal ponto que aquele que muda esta certeza numa oferta incerta e condicionada está corrompendo a promessa e o evangelho de Deus. Finalmente, aquele que apresenta a matéria como se a promessa de Deus fosse feita a todos os homens, ou a um número incerto de pessoas, não esta pregando o evangelho e está fazendo de Deus um mentiroso. O Senhor não cumpre a promessa exceto para aqueles a quem ela foi feita, isto é, para a descendência de Abraão, os herdeiros de acordo com a eleição da graça.
Agora, o conteúdo da promessa, de acordo com a Escritura, é Cristo todas suas riquezas de salvação e bênção. Pois, o conteúdo é promessa que Deus levantaria um Salvador da descendência de Davi; que essa descendência iria levar sobre si os pecados de Seu povo; e que Deus iria fazê-Lo ressurgir dos mortos e dar Lhe a glória, exaltando-O no trono de Seu pai Davi, e Lhe dando os confins da terra como Sua possessão. Ele é a Semente prometida. A promessa, conseqüentemente, em concordância com a Bíblia, implica a garantia de retidão e paz, de perdão e filiação, de libertação e santificação, de vida eterna e glória, da incorruptível e indefinível herança que não acaba. Isso envolve Cristo e todos que Nele estão, posto que serão herdeiros do mundo, herdeiros do novo reino celestial, onde habitarão no tabernáculo de Deus para todo o sempre.
Desta forma, a promessa implica ainda o presente do Espírito Santo, primeiro a Cristo, depois àqueles que pertencem a Ele, e pelo Espírito todas as bênçãos de Cristo podem ser realizadas na igreja. Assim, é um erro apresentar o assunto, como se Deus tivesse simplesmente prometido a bênção objetiva da salvação para a descendência de Abraão, ou mesmo para os homens de maneira geral, como se dependesse de seus consentimentos para a promessa ser cumprida neles. Definitivamente, o dom do Santo Espírito está incluído na promessa. Ele é promessa de Deus, é a promessa de que Deus derramará Seu Espírito sobre toda carne. E através do Espírito, Ele efetivamente coloca a salvação em Cristo no coração de todo o Seu povo, por meio da regeneração, do chamado, da fé, da justificação, da santificação, da perseverança e da glorificação. Através do Espírito, eles são trazidos das trevas para a luz, e são mantidos no poder de Deus até a salvação que é para ser revelada no final dos tempos. Tudo isso está incluído na promessa, isto é, na declaração positiva por parte de Deus de que Ele, certamente, irá honrar estas bênçãos e bem-aventuranças da salvação em todo o Seu povo.
Esta promessa é, ao mesmo tempo, o conteúdo do evangelho. É o evangelho de Deus, evangelho que Ele sozinho é o Autor e que Ele proclama. Só Ele é capaz de declará-lo, ainda que revelado e pregado por meio de homens. Como seu conteúdo é o evangelho referente a Seu Filho, o Evangelho de Cristo, assim somente o Senhor Jesus pode ser pregado na proclamação desse evangelho. Por essa razão, é também o evangelho da glória do Deus bendito, através do qual e pelo qual Cristo, a glória dessa bênção, é revelado. Foi por esse evangelho que Deus deu a Cristo e a todos que Lhe pertencem a Sua própria glória.
Essa glória do Deus bendito, através da glória de Cristo e da igreja da qual Ele é o cabeça, deve ser realizada no evangelho. É o evangelho do Reino, pois o Reino do céu, em sua realização final e espiritual, é o fim da promessa que precisa ser proclamada. É o evangelho da graça de Deus, posto que todas as obras Dele, em nome da realização da promessa, são uma manifestação de Sua soberana graça, soberana em sua concepção, soberana em sua manifestação objetiva de Cristo, soberana em sua aplicação ao Seu povo. É o evangelho da paz, uma vez que nele o Senhor dos céus publica paz e leva boas novas. E, finalmente, é o evangelho da nossa salvação, posto que ele declara a plenitude da nossa salvação do pecado e da morte, e nossa entrada na gloriosa liberdade de filhos de Deus.
Chegamos, pois, à conclusão, com base na Palavra de Deus, a qual sozinha pode ser a nossa luz, que o evangelho é notícia agradável a respeito da promessa da nossa salvação, verdadeira promessa de Deus de que Ele nos livra de todos os pecados e culpas, da corrupção e da morte, e nos leva para a mais alta, ou melhor, para a mais humanamente inconcebível felicidade de Seu prometido Reino Celestial. O evangelho declara: (1) que Deus, objetivamente, realiza, em e através de Cristo Jesus, de Sua humilhação e exaltação, toda a plenitude da Sua salvação; (2) que Deus, subjetivamente, realiza e aplica todas as bênçãos da salvação através do Espírito da promessa; (3) que Ele realiza sua obra de salvação em quem Ele quer, isto é, em Seu povo, os eleitos, aqueles que crêem em Cristo, os humildes e de coração quebrantado, os cansados e oprimidos, todos aqueles que pranteiam em Sião.

III - O Evangelho em seu Cumprimento Histórico

Com relação ao cumprimento histórico do evangelho da promessa, precisamos, antes de qualquer coisa, observar que dois fatores são simultâneos. Em primeiro lugar, Deus realiza o conteúdo da promessa, a herança prometida, historicamente, passo a passo. Em segundo lugar, como a realização da promessa avança e se aproxima de sua consumação, Ele também a declara, proclama o evangelho e revela ao Seu povo a obra da salvação. Ou seja, Ele explica ao Seu povo a obra da salvação passo a passo e, ao mesmo tempo, os dirige para frente, nos mais claros termos da revelação para a herança final que será consumada no dia em que a promessa for plenamente cumprida.
Tendo isso em mente, chamamos a atenção, antes de tudo, para o evangelho na antiga dispensação. No primeiro Paraíso, havia, sem dúvida, uma imagem da promessa, uma figura terrena das coisas celestiais que Deus prepararia para Seu povo em Cristo Jesus. Porque, ali o tabernáculo de Deus estava com os homens. O primeiro homem, da terra, é terreno, mas é, não obstante, uma imagem do segundo. O Paraíso é uma imagem do tabernáculo celestial de Deus, e a árvore da vida é uma figura da eterna árvore da vida na nova criação. O sol brilhou intensamente, mas com esplendor terreno na manhã da criação. Contudo, o sol se pôs, as primeiras coisas passaram, e a noite do pecado e da morte tomou conta do mundo. O primeiro homem, Adão, não se manteve fiel à promessa de Deus; caiu no escuro abismo do pecado e da culpa, do qual jamais poderia salvar a si mesmo.
E em seus lombos estavam os eleitos. Esses eleitos, a igreja de Cristo, ele arrastou consigo em sua queda. Contudo, Deus havia provido algo melhor para Seu povo, uma coisa melhor que não podia de outra maneira ser realizada, a não ser por meio dessa noite de pecado e morte. Nesse sentido, Ele colocou inimizade entre o homem e a descendência da serpente. Ele realizou Sua Promessa eterna. E como Ele a realizou, também imediatamente a proclamou ao Seu povo naquela que foi a mãe de todas as promessas:—Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn 3:15).
Daí por diante, os filhos da promessa teriam que caminhar na noite. Mas na noite, eles caminhavam na luz da promessa, e, caminhando nessa luz, eles viveram em esperança e esforçaram-se para a realização daquela promessa. Assim, na luz da promessa e nessa esperança, tiveram filhos, sempre buscando o Descendente da promessa. Na luz dessa promessa e na força dessa esperança, a qual é a substância de todas as suas vidas, eles esforçaram-se e lutaram, condenaram o mundo, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra e estavam em busca da cidade cujas fundações e cujo construtor é Deus.
Frequentemente, parecia escuro, muito escuro para a realização da promessa e para os herdeiros do reino no mundo. Havia trevas naquele mundo pré-diluviano, onde a igreja era perseguida, embora pequena, restando apenas oito almas. Mas eles se sustentaram na promessa e receberam a vitória. Em Noé, a igreja tornou-se herdeira do mundo em retidão. Daí em diante a terra não seria mais amaldiçoada. A graça penetrou com sua luz bendita por entre as trevas da ira de Deus e desenhou um belo arco-íris pelo firmamento, a promessa de vitória final para Noé e sua família.
As trevas apareceram quando o mundo se reuniu em volta da torre de Babel, e mais tarde, quando Deus separou Abraão, Seu amigo, para ir para uma terra que Ele lhe mostraria. Mas Abraão creu em Deus e isso contou para ele como justiça. Entretanto, ele, Isaque e Jacó jamais possuíram um metro sequer de chão na terra prometida, embora tivessem vivido na esperança e morrido na fé de possuiriam a terra de Canaã. E eles, de fato, iriam possuí-la. Não podemos dizer que Abraão e sua descendência não possuiriam a terra de Canaã, posto que as promessas de Deus são sim e amém em Cristo. Apenas isso: os judeus não são descendência de Abraão, mas sim Cristo e o Seu povo. E mais, aquela terra no Mediterrâneo não é a Terra Prometida, porque eles todos buscam uma melhor, isto é, uma pátria celestial.
Parecia trevas quando os herdeiros da promessa foram ameaçados de extinção no Egito. Mas eles tinham a promessa, e Deus revelou que avançaria para a realização dela. E Ele, de fato, realizou o evangelho como o pregou para eles. Ele os libertou com uma mão poderosa, recebeu-os em Sua promessa, deu-lhes a terra prometida, e lá, mostrou-lhes por uma figura, em todos os lugares, a referida promessa.
No profeta, no sacerdote, no rei, na terra e em seus frutos, no altar, no sacrifício e no serviço do santuário em geral, em tudo que viram, que fizeram e que receberam, tinham o glorioso evangelho da promessa pregado para eles. Nessa promessa, eles viveram em esperança, quando gradualmente as sombras desapareciam, a cidade santa foi destruída, o templo foi queimado e os herdeiros da promessa choraram e lamentaram numa terra estranha. Trevas foi o período do cativeiro babilônico, pois parecia que Deus havia esquecido a promessa. Mas a luz do evangelho reluziu mais brilhante à medida que a noite tornava-se mais escura. Esperando pelo impossível, eles olhavam pra frente. Eles perguntariam:—Guarda, a que horas estamos da noite? Você tem alguma notícia da promessa? Quando virá o amanhecer? Quando a manhã da promessa romperá nossa triste noite? E sempre através da noite, tornando-se mais escuro ainda depois do retorno da Babilônia, eles foram salvos pela esperança.
É, sem dúvida, nesse pano de fundo escuro, que nós devemos visualizar a alegria dos pastores nos campos de Belém, mantendo a vigília noturna sobre seus rebanhos. Era escuro em respeito à promessa, e esse pastores viviam na esperança da promessa. Talvez, naquela mesma hora, eles estivessem lamentando a miséria de Israel e cogitando sobre o tempo de cumprimento da promessa. Que alegria, então, quando, não um profeta humano, mas um anjo foi o agente de Deus para pregar o evangelho para eles. Deus falou a Sião:—Levantem-se! Sejam iluminados! Emanuel, o prometido e o tão esperado descendente nasceu de uma virgem, da descendência de Davi, de acordo com a promessa. Seu povo precisa saber disso!—E assim, Deus pregou para eles através de Seu anjo, e lhes trouxe as boas notícias de grande alegria sobre a promessa, especialmente pontuando que ela havia sido cumprida. Ele nasceu!
E uma vez mais cresceu a escuridão, impressionantemente escura, quando Ele, sobre quem eles depositavam a esperança de que Israel seria libertado, embora não compreendessem a natureza e a maneira dessa libertação, morreu crucificado, sob a ira de Seus inimigos, nas trevas do sangrento madeiro. Todavia, Deus realizou a promessa. Ele ressuscitou Jesus dentre os mortos para nossa justificação, exaltou-O nos mais altos céus, e deu-Lhe um lugar à Sua direita. E deu-Lhe o Espírito da Promessa, o mesmo que Ele colocou em Sua igreja. Por esse Espírito da Promessa, o Senhor realiza todas as bênçãos dela sobre todos os eleitos. Deus explica sempre ao Seu povo a obra da Sua graça, declarando-lhes o abençoado evangelho, agradáveis notícias sobre a promessa, a qual agora está cumprida e que o Reino dos céus está de fato chegando!
Mesmo agora a promessa não atingiu sua consumação final. Os herdeiros da promessa ainda estão no mundo. Eles ainda estão caminhando como peregrinos da noite. Eles ainda são estrangeiros no mundo e buscam as coisas do alto. Eles ainda são assassinados todos os dias, e Deus poderia ser envergonhado, por ser chamado de seu Deus, não fosse pelo fato de que Ele está lhes preparando uma cidade, a Jerusalém celestial. E a vinda, a realização final desta cidade e a beleza de sua glória, Ele declara aos herdeiros da promessa, enquanto eles estão no meio da escuridão da noite atual, a fim de que, mesmo agora, eles possam caminhar em esperança e levantar a cabeça na expectativa do cumprimento da glória prometida com um juramento do Deus da Salvação! O Evangelho são as boas novas da promessa e alcança a cidade celestial que desce de Deus!

IV - O Evangelho em sua Apropriada Proclamação

Mesmo antes do que foi dito, fica perfeitamente evidente que, até onde diz respeito à proclamação do evangelho, ele não pode ser nunca uma oferta de salvação. O evangelho são as boas novas da promessa que Deus nos dá. Deve ser, portanto, pregado e proclamado, mas jamais oferecido. Ele é apresentado na Bíblia sempre dessa maneira. Jesus prega o evangelho do Reino (Mt 4:23; 9:35; 24:14). Paulo pregou o evangelho entre os gentios (Gl 2:2); ele pregou o evangelho de Deus entre os tessalonicenses (I Ts 2:8-9). Ou, ele falou para eles do evangelho de Deus em meio a muita luta (I Ts 2:2). Ou, outra vez, ele testificou do evangelho da graça de Deus (At 20:24). E mais, freqüentemente, a palavra "evangelizar" ou a expressão "declarar boas novas" é usada para denotar a pregação do evangelho de Deus em Cristo (I Co 15:1; II Co 11:7; Gl 1:11; Ap 14:6). Entretanto, nunca encontramos, em toda a Palavra de Deus, que o evangelho é oferecido, ou que apresenta a promessa de Deus como uma bem-intencionada oferta de salvação para todos os que ouvem a pregação. Isto, certamente, é uma invenção humana.
E como pontuamos anteriormente, isso é razoável. Uma promessa não pode ser oferecida. Uma oferta é uma proposição condicional. Depende do consentimento do homem. Mas uma promessa é garantida por quem prometeu. Isto é, especial e enfaticamente, verdadeiro em relação à promessa do evangelho. Em primeiro lugar, é assim porque é Deus quem promete e Ele não pode mentir. Ele é fiel e verdadeiro, razão pela qual, certamente, cumprirá sua palavra. Em segundo lugar, é assim porque as coisas prometidas não podem ser realizadas, nem em parte, pelos homens. Se o evangelho fosse a pregação de uma oferta condicional, não existiria nada na condição que o homem tenha possibilidade de cumprir. Ele não pode por si mesmo crer na promessa. Não pode por si mesmo nem sequer querer crer em Cristo. Não pode se arrepender e voltar para Deus, a menos que o Senhor primeiro cumpra a promessa nele. Em outras palavras, a promessa de Deus ou é incondicional, ou é impossível de ser cumprida. Em terceiro lugar, a promessa é dada, não para todos, mas para um determinado grupo de pessoas, a descendência de Abraão, para aqueles que são de Cristo, para aqueles que foram, pela soberana graça, eleitos para a salvação antes da fundação do mundo.
Isso me leva à minha observação final, a saber, que a pregação do evangelho precisa ser tal que ela aponte, definitivamente, para aqueles para quem a promessa se destina. Um evangelho para todos é um evangelho para ninguém. Isso pode aliviar a consciência do ímpio e mandá-lo para o inferno com uma falsa esperança, porém tal assertiva não conforta o eleito, pela simples razão de que tal pregação não se reporta a eles como herdeiros da promessa. O evangelho deve ser, assim, pregado de tal maneira que declare, definitivamente, aos herdeiros da promessa que é para eles tal pregação.
Sem dúvida, não me entendam mal, o evangelho especificamente deve ser proclamado para que todos o ouçam. Em parte, porque não sabemos quem são os eleitos; em parte, porque é da vontade de Deus que mesmo o condenado ouça o evangelho da salvação a título de fé e arrependimento, para que o pecado possa mostrar-se, de fato, como pecado. Neste sentido, o evangelho em sua pregação deve ser geral. Todavia, nessa pregação geral, os herdeiros da promessa devem ser chamados pelo nome, a fim de que possam saber que as infalíveis misericórdias de Davi são também para eles. Não se trata, é claro, de que eles sejam mencionados por seus nomes naturais. Mas Deus lhes dá um novo nome, sob e através da pregação do evangelho, um nome espiritual pelo qual podem saber que o Senhor tem em mente a promessa para eles. Objetivamente, eles são os eleitos, porém, de acordo com seus nomes espirituais, escritos pelo Santo Espírito em seus corações, eles são os cansados e sobrecarregados, aqueles que estão famintos e sedentos de justiça, os pobres de espírito, os que choram, os de coração contrito e quebrantado, aqueles que aprenderam a colocar todas as suas esperanças e expectativas unicamente no sangue de Jesus Cristo, o Senhor, que os amou e morreu por eles, que foi ressuscitado para justificá-los! Para eles a promessa de Deus é sim e amém. Eles não serão jamais envergonhados. Eles serão mantidos no poder de Deus até a salvação, prontos para serem revelados no final dos tempos.
A pregação do evangelho, certamente, deve ser conforto para os que choram, para que possam ter luz nas trevas e a alegria da esperança no meio dos sofrimentos dessa fatigante e atual noite.
Fonte (original): "The Gospel

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Salvo pela Graça

Salvo pela Graça

Prof. Robert D. Decker

Você é salvo? Esta é a pergunta crucial na vida. Qual é a sua resposta? Que vivemos em tempos terríveis é quase desnecessário dizer. Vivemos em dias que o mundo nunca viu. Este é um tempo em que os próprios fundamentos estão sendo sacudidos. Um tempo de ilegalidade abundante, a qual se revela em terrível rebelião e derramamento de sangue. Nossas cidades são inseguras. Não há nenhum respeito para com a lei e a ordem. A estrutura inteira da nossa civilização moderna e iluminada está à beira do colapso total.
Em todo lugar os homens estão desesperadamente buscando por respostas. O problema é que os homens buscam da maneira errada e na fonte errada. Os homens recusam reconhecer o fato de que a raiz do terrível problema do mundo é o pecado. Pecado contra o Deus vivo do céu e da terra, que não escusa nem ignora o pecado, mas que executa vingança e santa ira contra os praticantes da iniqüidade. Recusando reconhecer a Deus, o homem busca em si mesmo conforto, paz e esperança num mundo perturbado. Ele nunca encontrará. Seu fim será o desespero completo no inferno.
A Bíblia tem a resposta. E esta resposta é a salvação do pecado e da morte em Jesus Cristo, pela graça de Deus! Aqueles que são salvos pela graça através da fé como o dom de Deus não são perturbados pelos eventos terríveis dos nossos dias. Eles vêem estas coisas e se regozijam. Eles se regozijam porque sabem que através de todos estes eventos Jesus está perto de vir novamente para concretizar a salvação que ele adquiriu para eles, na glória dos novos céus e nova terra. E eles têm conforto, paz e esperança!
E esta é basicamente a mensagem do pequeno texto que desejamos expor para você neste panfleto. Ela é tomada de Efésios 2:8, onde lemos: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus."
Devemos observar desde o início a pequena palavra "porque", com a qual o texto começa. "Porque" significa "em razão de que," e ela indica que este texto é a razão para algo, uma explicação do que o apóstolo Paulo tinha declarado no contexto imediatamente precedente.
Isto implica que a declaração deste texto não é algo isolado. Ela não é uma verdade isolada que alguém pode aceitar ou rejeitar sem nenhum efeito sobre o restante do conteúdo de sua fé. PORQUE pela graça sois salvos ... a salvação é pela graça e pela graça somente. E ela é o fundamento indispensável, o elemento sem o qual nenhuma outra coisa pode se manter. Negar a verdade da salvação pela graça significa a destruição do próprio fundamento da verdade da Palavra de Deus.
É por isso que esta declaração é a razão expressa no versículo 7, onde lemos: "Para [Deus] mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus." Aprendemos dos versículos precedentes, que estamos mortos em nossos delitos e pecados, que nestes pecados andamos seguindo o diabo, que nossa conversação ou vida no passado consistia na realização de nossas cobiças e desejos. Assim, éramos filhos da ira. Mas Deus é rico em misericórdia e cheio de amor para conosco. E quando ainda estávamos mortos no pecado ele fez com que seu amor nos alcançasse, nos despertando e nos dando vida em Jesus Cristo—pela graça. E ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo. O propósito disto tudo é que ele pudesse mostrar as insondáveis riquezas da sua graça. Em outras palavras, Deus nos salvou exatamente para que através desta salvação as riquezas da sua graça pudessem ser demonstradas. E isto é possível simplesmente porque a salvação é pela graça! Aqui colocamos nosso dedo sobre o próprio cerne da mensagem do evangelho. Uma mensagem belamente resumida pelo apóstolo Paulo em Romanos 11:36: "Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!"
Voltando nossa atenção para o texto em si, observamos que é dito três coisas sobre a salvação: a salvação é pela graça, através da fé, e é o dom de Deus. Consideremos brevemente cada um destes pensamentos.
A salvação é pela graça. O que é salvação? Uma idéia atualmente popular de salvação é que ela é um melhoramento social e moral. Jesus não é um Salvador no sentido de que ele sofreu e morreu na cruz e assim, fez expiação e trouxe reconciliação para os pecados dos filhos de Deus. Jesus, é dito, é nosso exemplo. Ele nos mostrou em sua vida como viver em paz com todos os homens, como perceber a irmandade da humanidade sob a paternidade de Deus. Se os homens apenas seguissem o simples exemplo de Jesus, haveria paz na terra, todos os nossos problemas seriam removidos, o Reino de Deus seria introduzido, e todos os homens, em todo lugar, desfrutariam de uma vida agradável. Você percebe que este velho evangelho social é prevalecente hoje como jamais foi. A igreja é encorajada a ir ao mundo e fazer algo acerca das relações raciais, a poluição, a superpopulação, o controle da população, as guerras e muitas outras coisas. A igreja não deve pregar uma salvação utópica baseada no sangue do Cordeiro que tira o pecado do mundo. Contudo, isto NÃO é salvação. E a pregação deste tipo de salvação não é a pregação do evangelho de Jesus Cristo de acordo com as Escrituras infalíveis. Nem este tipo de pregação produz os frutos preciosos de conforto, paz e esperança para o povo de Deus.
Salvação no sentido bíblico é um conceito muito rico. O termo usado em nosso texto significa literalmente: curar, fazer bem. Ele é algumas vezes usado com respeito à cura de várias pessoas que Jesus realizou. No sentido espiritual, a idéia é que somos curados da enfermidade mortal do pecado e restaurados à saúde espiritual. Ele tem o significado também de: resgatar do perigo ou destruição. E neste sentido a ênfase é sobre o fato de que Deus nos resgata da destruição do inferno, onde sua ira santa e feroz arde eternamente.
A salvação contém então dois elementos essenciais: 1) ela é libertação da desgraça mais profunda, e 2) ela é um levantar para a glória mais alta.
Isto é óbvio a partir do próprio contexto no qual encontramos esta Palavra de Deus. Paulo começa o capítulo nos dizendo que estamos mortos em delitos e pecados, aparte da graça de Deus. A sentença de Deus pronunciada aos nossos primeiros pais no paraíso já foi executada: "No dia em que dela comeres, certamente morrerás". Eles comeram do fruto proibido e assim se rebelaram contra Deus, morrendo imediatamente—e nós morremos neles. Nascemos mortos no pecado. Tudo o que podemos fazer é pecado. Odiamos a Deus e ao nosso próximo. Vivemos e andamos de acordo com o curso deste mundo, de acordo com o príncipe da potestade do ar, o espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Mortos em delitos e pecados, temos nossa conversação nas luxúrias da nossa carne, cumprimos os desejos da carne e da mente e somos por natureza filhos da ira, como os demais.
Esta é a nossa miséria! Morte espiritual! E até onde nos diz respeito, não temos esperança! Não podemos nos salvar, não podemos nem mesmo desejar nos salvar, muito menos fazer algo para conseguir nossa salvação. Assim como um corpo morto não pode se levantar do caixão, tampouco podemos nos salvar. É desta profunda miséria que somos libertos quando Deus nos salva!
E somos elevados à mais alta glória! Nos termos do contexto, somos vivificados juntamente com Jesus Cristo. Nós, que por natureza somos espiritualmente mortos, somos feitos vivos com Cristo—esta é a nossa salvação. Não somente isso, mas somos elevados à mais alta glória ao sermos feitos vivos em Cristo, e somos também elevados da nossa morte e podemos nos assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus ... ESTA é a salvação.
Como esta salvação é realizada? Para colocar de uma maneira pessoal: como eu sou salvo? A Bíblia responde: "pela graça!"
Graça tem vários significados na Bíblia. O principal deles significa "beleza." Algumas vezes ela é traduzida como "gratidão." Mas mais frequentemente ela é usada no sentido do favor imerecido de Deus demonstrado ao seu povo em Cristo, por cujo poder ele os salva. Este é o significado óbvio em nosso texto.
A graça é—não deveríamos falhar em observar—primeiramente um atributo de Deus, uma característica do seu Ser. Deus é o Deus de toda graça; ele é o Deus gracioso. Deus é em si mesmo formoso, formoso em todas as suas adoráveis virtudes. Isto significa que quando a Bíblia diz, como neste texto, que a salvação é pela graça, isso é o mesmo que dizer que a salvação é do Senhor. Quão absolutamente necessário! De que outra forma os pecadores mortos e perdidos poderiam ser salvos, senão pelo próprio Deus Todo-poderoso? A menos que o próprio Deus coloque nova vida em nós, permaneceremos mortos e para sempre escravizados na prisão do nosso pecado.
Esta é a beleza e o conforto do Evangelho! Deus quis nos dar vida pelo poder da sua maravilhosa graça. Deus, que é rico em misericórdia, por seu grande amor com que nos amou, determinou nos fazer formosos com sua própria beleza.
Portanto, pela graça ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele. Pela graça ele nos predestinou para a adoção de filhos por Jesus Cristo. Tudo isto é de acordo com o bom propósito da sua vontade. E o propósito desta eleição graciosa do seu povo em Cristo é "o louvor da glória da sua graça", por cujo poder ele nos fez aceitos em seu amado Filho. Isso é o que a Escritura testifica em Efésios 1:3-6. Pela graça sois salvos, portanto, mesmo antes da criação do mundo.
Pela graça Deus enviou seu Filho primogênito ao mundo para buscar e salvar o que se havia perdido. Não havia outro caminho. Éramos pecadores caídos e a justiça de Deus tinha que ser satisfeita. E esta satisfação poderia ser feita somente por seu Filho, verdadeiro Deus e Homem, na forma de expiação substitutiva. Pela graça Deus deu seu Filho a uma morte de cruz. Pela graça ele derramou toda a sua ira sobre ele, para que ele pudesse descer às profundezas do inferno e clamar: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" A expiação foi feita por nós. Através do derramamento do seu sangue temos redenção, o perdão dos pecados. E novamente isto tudo é de acordo com as riquezas de sua graça! (Efésios 1:7).
Por conseguinte, pela graça os filhos de Deus foram reconciliados através da morte do Filho de Deus. Eles agora permanecem como justos diante de Deus, livres da culpa do pecado e merecedores da vida eterna. Este é precisamente o porquê o texto diz "SOIS salvos." A salvação para os santos de Deus está completa. Ela está consumada. Eles estão neste exato momento salvos e sempre serão salvos. A justiça de Deus está satisfeita para sempre. Tudo pela graça!
Agora, você pergunta: mas como esta salvação merecida sobre a cruz por Cristo se torna minha? Muitos pregadores te dirão: você deve crer no Senhor Jesus Cristo. Isso certamente é verdade. Certamente a Bíblia deixa claro que não pode haver salvação aparte da fé em Jesus Cristo. Mas o que muitos querem dizer quando eles te dizem que você deve crer é que você deve aceitar a oferta sincera do evangelho. Deus ama todos os homens, eles dizem. Pela graça ele providenciou salvação para todos os homens através do seu Filho sobre a cruz. Agora esta salvação está toda envolta num belo pacote e Deus te diz: o que você tem que fazer é aceitar meu dom e será salvo. A salvação então não é mais inteiramente pela graça; ela é parcialmente pela graça e parcialmente pela obra de homens que devem aceitá-la. E assim, muitos pregadores implorarão e persuadirão (e eu uso este termo deliberadamente!—ele significa enganar!) seus ouvintes em seus altamente emocionais "chamados ao altar" para aceitar a Cristo e a oferta de salvação. Se esta for sua resposta para a pergunta "como eu recebo a salvação?", então coitado de você! Eu tenho pena de você porque você perdeu todo o conforto do evangelho. Se eu devo aceitar a oferta, se eu devo fazer algo para a minha salvação, então estou perdido para sempre. Eu sei isso a partir da minha própria experiência. Minha experiência me diz todos os dias que sou um pecador morto em delitos e pecados, digno de ser condenado.
Graças a Deus pela mensagem do evangelho—confortadora, transmissora de paz, esperança e coragem—que nos responde: "mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus."
A salvação é recebida pelo pecador, ou melhor, deveríamos dizer que ela é dada ao pecador através da fé. Entenda: ATRAVÉS DA FÉ! A fé é o meio pelo qual Deus nos dá a salvação. Ela não é uma condição para a salvação que devemos preencher. Ela não é um ato que devemos realizar sobre a base de que Deus nos salvará. A fé é o vínculo vivo entre o povo de Deus e Cristo. Ela é a conexão entre nós e Cristo através da qual Deus faz com que todas as bênçãos da salvação que estão em Cristo fluam para nós. Pela fé somos unidos a Cristo e vivemos nele, exatamente como os ramos vivem da videira (cf. João 15).
Através da fé recebemos o conhecimento de Deus. Não um mero conhecimento intelectual da mente, mas o conhecimento espiritual do coração, o qual, de acordo com João 17:3, é a vida eterna. O conhecimento pelo qual conhecemos a Deus como nosso Deus, o Deus que nos ama nesta vida, e que nos salvará um dia na glória do céu. Junto e enraizado neste conhecimento de fé está a confiança da fé pela qual estou certo de que tudo isto é verdade para mim. Através da fé tenho a firme convicção de que Jesus morreu por mim e que estou salvo pela graça através da fé! Através da fé eu não sou meu, mas pertenço na vida e na minha ao meu fiel Salvador Jesus Cristo. Eu pertenço a ele na vida, esta vida, esta vida do século vinte com toda a sua frustração, temor e ansiedade. E eu pertenço a Jesus na morte também: quando a mão fria da morte me tomar, não estarei só. Jesus estará comigo também no vale da sombra da morte para me confortar e me receber nas muitas mansões da casa do Pai, onde ele preparou um lugar para mim!
Sim, amigo cristão, você é salvo pela graça, através da fé. E isto não vem de você: é o dom de Deus! Você não adquiriu sua salvação, nem mesmo a quis. Ela não vem das suas obras, nem mesmo da sua obra de fé. Ela é o dom de Deus. A salvação pela graça é o dom de Deus, a salvação pela graça através da fé é o dom de Deus! Ela é o dom gratuito e imerecido do Deus todo-poderoso!
VOCÊ foi salvo pela graça através da fé? A Palavra de Deus não está meramente apresentando uma doutrina objetiva. Ela não diz que a salvação é pela graça através da fé; e que ela é o dom de Deus. Ouça, pela graça [VÓS] sois salvos ... Deus diz isso para você? Você foi escolhido em Cristo, reconciliado com Deus por sua morte, unido a ele pela fé? Deixe-me lhe perguntar isso: "Você é um pecador?" Você reconhece a si mesmo como um vaso vazio, morto em delitos e pecados? Este é o fruto do Espírito de Cristo em você.
Não se desespere, não tema; antes, regozije-se e esteja contente! Voe para a cruz de Jesus e veja ali o sangue daquele que morreu por você. Vá até ao túmulo vazio de Jesus e veja que ele se levantou vitorioso sobre a morte. Olhe para o céu e espere seu Salvador—ele está voltando rapidamente e sua recompensa está com ele. Você tem conforto, paz e esperança. O conforto da salvação pela graça, a paz do perdão pela graça e a esperança da vida eterna pela graça.
Você sabe isso? Então pode dizer com o próprio apóstolo Paulo: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gálatas 6:14). Não há lugar para jactância. A salvação é toda pela graça. Mas isto também significa que todo fundamento para o desespero foi removido. O Deus eterno e fiel nunca falhará! Glória seja dada a ele, de quem, por quem e para quem são todas as coisas.
Esta não é minha palavra; é o bendito evangelho de Jesus Cristo.
Fonte (original): Saved by Grace