sexta-feira, 19 de março de 2010

Como e Porque o Alcorão foi Padronizado

Uma afirmação comumente feita sobre o Alcorão é a que ele veio diretamente de Allá para nós através de Mohamed sem nenhuma outra intervenção ou edição humana. Assim, se diz que foi Mohamed quem padronizou o que está no Alcorão. Eu tenho lido esta afirmação diversas vezes em livros e panfletos que Muçulmanos me deram para ler. Considere as seguintes declarações de autores Muçulmanos:

O texto do Alcorão é inteiramente confiável. Ele tem permanecido tal como é, inalterado, sem edições, não fraudado de nenhuma forma, desde o tempo de sua revelação.
(M; Fethullah Gulen, Questions this Modern Age Puts to Islam. London: Truestar, 1993. p. 58)

Ele (o Alcorão) foi memorizado por Mohamed e então ditado aos seus companheiros, e escrito por escribas, os quais o conferiram com muita precisão durante sua vida. Nenhuma só palavra de seus 114 capítulos (suratas) foi alterada ao longo dos séculos.
(Understanding Islam and the Muslims, The Australian Federation of Islamic Councils Inc. (panfleto) Nov. de 1991).

Declarações como estas são verdadeiras? Ou são elas um exagero? Esta é uma pergunta sensata para se fazer. Para responder a esta questão consideraremos o que as fontes Islâmicas dizem.

Bukhari: vol. 6, hadith 514, p. 482; livro 61

Narrou Umar bin Al-Khattab:

Eu ouvi Hisham bin Hakim recitando a Surata Al-Furqan durante o tempo da vida do Apóstolo de Allá e prestei atenção em sua recitação e percebi que ele recitou diferente em vários modos que o Apóstolo de Allá não havia me ensinado. Eu estava prestes a partir contra ele durante sua oração, mas controlei meu temperamento e quando ele havia completado sua oração, eu pus a parte superior de suas roupas em volta de seu pescoço e o agarrei por elas e disse, “Quem te ensinou esta Surata que eu te ouvi recitar?” Ele respondeu, “O Apóstolo de Allá a ensinou a mim”. Eu disse, “Você está mentindo para mim, porque o Apóstolo de Allá a ensinou a mim de um jeito diferente do seu”. Então eu o arrastei até o Apóstolo de Allá e disse, “Eu ouvi esta pessoa recitando a Surata Al-Furqan de um jeito diferente do que você me ensinou!” Ao que o Apóstolo de Allá disse, “Desprenda-se (Umar) e recite, oh! Hisham!” Então ele recitou do mesmo modo que eu o ouvi recitando. Então o Apóstolo de Allá disse, “Ela foi revelada deste modo”, e completou, “Recite, oh! Umar”, e eu a recitei tal como ele me havia ensinado. O Apóstolo de Allá então disse, “Ela foi revelada desta forma. Este Alcorão tem sido revelado para ser recitado de sete modos diferentes, então recite-o do modo que for mais fácil para você.”


Bukhari: vol. 4, hadith 682, livro 56

Narrou Ibn Mas’ud:

Eu ouvi uma pessoa recitando um Verso (do Alcorão) de certo jeito, e eu havia ouvido o Profeta recitando o mesmo Verso de um jeito diferente. Então eu o levei até o Profeta e o informei sobre isso, mas notei o sinal de desaprovação em seu rosto, e então ele disse, “Vocês dois estão corretos, então não se discordem, porque as nações antes de vocês diferiram e então foram destruídas.”


As hadiths acima claramente mostram que Mohamed permitiu alguma variação concernente à recitação do Alcorão.

Bukhari: vol. 6, hadith 509, p. 477; livro 61

Narrou Zaid-bin Thabit:

Abu Bakr As-Siddiq enviou uma mensagem para mim quando o povo de Yama-ma havia sido morto (i.e. um número de companheiros que lutaram contra Musailama). (Eu fui até ele) e encontrei Umar bin Al-Khattab sentado com ele. Então Abu Bakr disse-me, “Umar veio até mim e disse: ‘Houve infelizes acidentes entre a Qurra do Alcorão (i.e. aqueles que sabiam o Alcorão de cor) no dia da batalha de Yama-ma, e estou com medo que mais infelizes acidentes possam ocorrer à Qurra em outros campos de batalha, pela qual uma grande parte do Alcorão pode ser perdida. Por esta razão eu sugiro que você (Abu Bakr) ordene que o Alcorão seja ajuntado’.” Eu disse a Umar, “Como você pode fazer algo que o Apóstolo de Allá não fez?” Umar disse, “Por Allá, este é um bom projeto”. Umar continuou me incitando a aceitar sua proposta até que Allá abriu meu peito (me persuadiu) a isto e eu comecei a entender a boa idéia que Umar havia pensado.


Esta hadith claramente mostra que Mohamed nunca fez uma reunião final de todo o Alcorão antes de sua morte, porque quando Abu Bakr foi convidado a agrupar o Alcorão em um só volume ele disse: Como você pode fazer algo que o Apóstolo de Allá não fez? Mohamed não fez uma coleção final do Alcorão porque houve muitos de seus companheiros aos quais ele confiou ensinar o Alcorão e estes fizeram suas próprias coleções:

Bukhari: vol. 6, hadith 521, pp. 487-488; livro 61

Narrou Masruq:

… Eu ouvi o Profeta dizendo, “Tome (aprenda) o Alcorão de quatro (homens): ‘Abdullah bin Masud, Salim, Mu'adh e Ubai bin Ka’b.”


(Por favor tome note de Ubai [Ubayy] e Masud. Suas coleções do Alcorão foram importantes para os eventos posteriores da história do Alcorão).

Estes companheiros de Mohamed fizeram suas próprias coleções do Alcorão e ensinaram o Alcorão aos seus alunos. Entretanto, estes Alcorões não eram o mesmo e a confusão logo ascendeu entre os Muçulmanos primitivos sobre qual era o modo correto de se recitar o Alcorão. As duas próximas hadiths dão exemplos desta confusão:

Bukhari: vol. 6, hadith 468, p. 441-442; livro 60

Narrou Ibrahim:

Os companheiros de ‘Abdullah (bin Mas’ud) foram a Abi Darda’, (e antes que tivessem chegado a sua casa), ele os procurou e os encontrou. Então ele os questionou: “Quem dentre vocês pode recitar (o Alcorão) como ‘Abdullah o recita?” Eles replicaram, “todos nós”. Ele perguntou, “Quem de vocês o sabe de cor?”. Eles apontaram para ‘Alqama. Então ele perguntou a Alqama: “Como você ouviu ‘Abdullah bin Mas’ud recitando a Surata Al-Lail (A Noite)?” Alqama recitou:

‘Pelo macho e fêmea.’ Abu Ad-Darda disse,

‘Testifico que ouvi o Profeta recitando do mesmo modo, mas este povo quer que eu recite isto: ‘E por Ele que criou macho e fêmea’.

Mas por Allá, eu não os seguirei.”


A hadith acima mostra que os Muçulmanos de diferentes regiões discordavam sobre o modo que um verso em particular deveria ser lido. Aqueles que aprenderam o Alcorão de ‘Abdullah bin Mas’ud disseram a Surata 92:1-3 como ‘Pelo macho e fêmea’, enquanto os outros Muçulmanos disseram ‘E por Ele que criou macho e fêmea’. Consequentemente, os Muçulmanos antigos não memorizaram o Alcorão do mesmo modo.

Veja este problema novamente na seguinte hadith.

Bukhari: vol. 6, hadith 527, p. 489; livro 61

Narrou Ibn Abbas:

Umar disse, ‘Ubai (Ubayy) foi o melhor de nós para recitar (o Alcorão), porém nós deixamos algumas de suas recitações’. Ubai diz, ‘Eu tenho recebido da boca do Apóstolo de Allá e não abandonarei isto por nenhum razão.’

Mas Allá disse: ‘Nenhuma de nossas revelações ab-rogamos ou efetuamos que fosse esquecida, mas Nós substituímos para algo melhor ou similar.’ (Alcorão 2:106)


Esta hadith claramente mostra que os Companheiros de Mohamed discordaram sobre quais versos foram ab-rogados ou removidos. Aqui vemos que Ubai continuou a recitar o Alcorão com versos que outros Companheiros consideraram ter sido agora anulados ou removidos. Parece que Ubai se recusou a aceitar que os versos foram anulados porque ele diz: Eu tenho recebido da boca do Apóstolo de Allá e não abandonarei isto por nenhum razão. A hadith então cita a Surata 2:106 para explicar que este foi um exemplo de ab-rogação. O resultado, contudo, foi que os Companheiros recitaram o Alcorão diferentemente, porque Ubai continuou recitando os versos ab-rogados.

As duas hadith acima relatam como Masud e Ubai recitaram o Alcorão diferentemente dos outros Muçulmanos. Nós já temos visto que estes dois homens foram recomendados por Mohamed como sendo homens dos quais se era honroso aprender o Alcorão. Entretanto, já que suas coleções do Alcorão não eram a mesma, isso causou problemas para os Muçulmanos que aprenderam o Alcorão deles. O estudioso Muçulmano Labib as-Said relata o seguinte:

“Os Sírios,” nós dizemos, “contenderam com os do Iraque, primeiro sobre a leitura de Ubayy bin Ka’b, e depois com a leitura de ‘Abd Allah ibn Mas’ud, cada um acusando o outro de incredulidade”.
(Labib as-Said, The Recited Koran: A History of the First Recorded Version, trad. para o inglês de B. Weis, et. al., Princeton, Nova Jersei: The Darwin Press, 1974, p. 23)

Alguns estudiosos Muçulmanos como Labib as-Said [1] e Ahmad Von Denffer [2] têm afirmado que as diferentes coleções do Alcorão feitas por Ibn Masud e Ubai (e outros Companheiros também) somente foram pretendidas para “uso particular”. Contudo, as hadiths acima citadas mostram que o Companheiro Ibn Masud ensinou sua versão do Alcorão aos seus estudantes, tal como fez Ubai, e neste tempo estes estudantes estiveram em conflito um com o outro. A história Muçulmana e recentes descobertas arqueológicas também apóiam a conclusão de que estas coleções não foram para “uso particular” e sim para uso público [3].

Nós vemos como esse problema foi resolvido nesta seguinte hadith.

Bukhari: vol. 6, hadith 510, pp. 478-479; livro 61

Narrou Anas bin Malik:

Hudnaifa bin Al-Yaman veio a Uthman (Othman) no tempo em que o povo de Sham e o povo do Iraque estavam partindo para a guerra para conquistar a Armênia e Adharbijan. Hudnaifa estava com medo das diferenças deles na recitação do Alcorão (o povo de Sham e Iraque), então ele disse a Othman, “oh! Principal dos Fiéis! Salve esta nação antes que eles difiram sobre o Livro (Alcorão)...” Então Othman enviou uma mensagem a Hafsa dizendo, “Envie-nos os manuscritos do Alcorão para que possamos compilar o material em cópias perfeitas e devolvê-los para vocês.” Hafsa enviou-os para Othman. Então Othman ordenou a Zaid bin Thabit, ‘Abdullah bin AzZubair, Said bin Al-As e ‘AbdurRahman bin Harith bin Hisham a reescrever os manuscritos em cópias perfeitas. Othman disse aos três homens de Quraish, “Caso vocês discordem de Zaid bin Thabit em qualquer ponto do Alcorão, então escrevam (o ponto de discordância) no dialeto dos Quraish, porque o Alcorão foi revelado nessa língua.” Eles assim o fizeram, e quando eles já haviam escrito muitas cópias, Othman devolveu os manuscritos originais para Hafsa. Othman enviou para cada província Muçulmana uma cópia do que eles haviam copiado e ordenou que todos os outros materiais do Alcorão, quer fossem fragmentos de manuscritos ou cópias completas, fossem queimados...”


Aqui vemos como o problema de haver diferentes versões do Alcorão foi resolvido. Foi resolvido por Othman ao padronizar uma versão do Alcorão e ordenando que todas as outras fossem queimadas. Deste modo até mesmo as “sete” variações que Mohamed permitiu foram removidas e o mesmo ocorreu com as outras coleções feitas pelos outros Companheiros. Sendo assim, a partir daquele momento todas as tradições escritas e orais deveriam estar conforme a versão do Alcorão de Othman.

É digno de nota aqui que a Bíblia nunca teve uma queima indiscriminada de manuscritos para padronizar seu texto tal como o Alcorão teve.

A próxima pergunta que devemos fazer é, “Othman e sua equipe fizeram alguma edição ou seleção quando fizeram sua versão do Alcorão?” As próximas três hadiths mostram-nos que houve edição e seleção envolvidas.

Bukhari: vol. 8, hadith 817, p. 539-540; livro 82

Allá enviou Mohamed com a Verdade e revelou o Livro Sagrado a ele, e ao longo do que Allá revelou estava o Verso do Rajam (o apedrejamento de uma pessoa casada [homem ou mulher] que cometesse um ato sexual ilegal), e nós recitamos este Verso, o entendemos e o memorizamos. O Apóstolo de Allá levou a cabo a punição por apedrejamento e nós também o fizemos após ele. Temo que após muito tempo passado alguém diga, ‘Por Allá, nós não encontramos o Verso do Rajam no Livro de Allá’, e assim eles se desencaminharão deixando de lado um dever que Allá revelou.

É óbvio que ‘Umar estava convencido de que apedrejar um adúltero era uma parte do Alcorão e não deveria ser removido. O moderno Alcorão, entretanto, não contém estes versos. Então onde é que eles foram parar? Estes versos devem ter sido removidos por aqueles que estavam encarregados do texto do Alcorão. O que está bem claro é que ‘Umar se lembrou destes versos e não pensou que eles pudessem ser editados ou removidos, enquanto os outros obviamente o fizeram, e então hoje nós não temos estes versos no moderno Alcorão.

Nós vemos o controle de Othman sobre o texto novamente nesta seguinte hadith.

Bukhari: vol. 6, hadith 60, p. 46; livro 60

Narrou Ibn Az-Zubair:

Eu disse a Othman, “Este Verso que está na Surata al-Baqara (A Vaca): ‘Aqueles de vocês que morrem e deixam esposas para trás... sem mandá-las embora’, foi substituído por outro Verso. Então por que você o escreve (no Alcorão)?” Othman disse, “Deixe isto (onde está), oh! Filho de meu irmão, porque eu não vou substituir nada (i.e. do Alcorão) de sua posição original”.


Aqui vemos que Ibn Az-Zubair e Othman discordaram sobre se um verso em particular deveria ou não ser incluído no Alcorão. Ibn Az-Zubair creu que o verso havia sido abolido e conseqüentemente poderia ser removido do Alcorão, enquanto Othman estava insistindo que o verso permaneceria. Othman persistiu e este verso está no Alcorão hoje.

Novamente, na próxima hadith, vemos como Othman teve controle sobre o estado final do texto do Alcorão.

Mishkat Al-Masabih: livro 8, cap. 3, última hadith [4]

Ibn Abbas disse que questionou Othman [1] sobre o que os havia influenciado tratar do al-Anfal [2] que é um dos mathani [3] e do Bara’a [4] que é um dos cem versos, unindo-os sem escrever a linha contendo “Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso,” [5] e isto pondo ao longo de sete longos versos. Quando ele perguntou novamente o que os havia influenciado a fazer isso, Othman respondeu, “Durante um período, suratas com numerosos versos poderiam ser reveladas ao mensageiro de Deus, e quando algo vinha até ele, ele poderia chamar um daqueles que escreveram e dizer a eles para adicionar estes versos na Surata em que tal e tal está mencionada. Agora al-Anfal foi um dos primeiros a vir em Medina e Bara’a estava ao longo do último Alcorão a vir, e o assunto de um se assemelhou ao assunto de outro, então, porque o mensageiro de Deus foi tomado sem haver nos explicado se este pertencia àquele, por esta razão eu os uni sem escrever a linha contendo ‘Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso’, e os inseri ao longo das suratas.”

Notas de rodapé para a hadith acima:

Othman, o terceiro sucessor de Mohamed.
al-Anfal é a Surata (capítulo) 8 do Alcorão.
mathani: suratas com menos de 100 versos
Bara’a, também chamada de Tawba, é a Surata 9.
Cada Surata no Alcorão é iniciada por “Em nome de Deus...” exceto a Surata 9.


Aqui vemos que Othman foi questionado por outros Muçulmanos sobre por quê razão ele não incluiu a frase, “Em nome de Deus, o Clemenete, o Misericordioso”, no início da Surata 9. Sua resposta foi que Mohamed morreu sem explicar aonde a Surata 9 pertencia e então ele (Othman) incluiu isso à Surata 8 porque elas se “pareciam” uma com a outra. O que é óbvio é que alguns Muçulmanos sentiram que a frase deveria estar ali enquanto Othman não pensou assim. A decisão de Othman prevaleceu e a frase não está incluída no moderno Alcorão.

Este três exemplos da hadith claramente mostram que houve algumas edições envolvidas com aqueles que compilaram o Alcorão. E está também claro que a decisão dos editores não foi universalmente aceita; isto não teve um consenso universal.

A próxima hadith mostra a reação de alguns dos Companheiros ao Alcorão de Othman.

Muslim: vol. 4, hadith 6022, p. 1312; livro 29

‘Abdullah (b. Mas’ud) relatou que ele (disse a seus companheiros para esconderem suas cópias do Alcorão) e, além disso, disse: Ele que oculta todas as coisas deve trazer à tona aquilo que ele tem ocultado no Dia do Juízo, e então disse: De que modo você me ordena a recitar? De fato eu recitei diante do Mensageiro de Allá (que a paz seja sobre ele) mais de setenta capítulos do Alcorão e os Companheiros do Mensageiro de Allá (que a paz seja sobre ele) sabem que eu tenho melhor conhecimento do Livro de Allá (do que eles), e se eu soubesse que alguém tem melhor entendimento do que eu, eu teria ido até ele. Shaqiq disse: Sentei-me na companhia dos Companheiros de Mohamed (que a paz seja sobre ele) mas não ouvi ninguém rejeitá-la (isto é, sua recitação) ou encontrar qualquer falta nela.

Quatro observações básicas podem ser vistas nesta hadith.

Ibn Mas’ud está dizendo ao povo para esconder seus Alcorões por alguma razão.

Ele parece ter sido ordenado por alguém para usar um modo diferente de recitação. Isto só pode ser referente ao tempo em que Othman padronizou sua versão do Alcorão e queimou todas as outras versões.

A objeção de Ibn Mas’ud sobre a mudança do modo que ele recitou o Alcorão foi esta: Eu (Mas’ud) tenho melhor conhecimento do Livro de Allá (do que eles).

Shaqiq disse que os Companheiros de Mohamed concordaram com Mas’ud.

O estudioso Muçulmano Ahmad ‘Ali al Imam também relata que nem todos os Muçulmanos aceitaram o Alcorão de Othman:

Após a compilação de Othman, todos os Qurra’ (leitores do Alcorão) foram requeridos a somente ler de acordo com o masahif de Othman. Por esta razão os códices pessoais foram ajuntados e destruídos. Eventualmente, o masahid de Othman dominou todas as cidades (amsar),com apenas algumas insignificantes resistências, por exemplo como no caso de Ibn Mas’ud e Ibn Shunbudh. (Ahmad ‘Ali al Imam, Variant Readings of the Qur’an, Virginia: IIIT, 1998, p. 120)

Parece-nos que Ibn Mas’ud nunca aceitou o Alcorão de Othman e Othman pode ter até mesmo chicoteado Ibn Mas’ud publicamente por isso.

Mas'ud se recusou a entregar sua cópia ao comitê cujo presidente, embora fosse um dos leitores da palavra de Deus, havia ganho muito menos confiança e autoridade que ele. Esta recusa incitou tão grande indignação do Califa que ele publicamente açoitou o “velho santo”. Alguém notou que o velho companheiro do profeta teve duas costelas quebradas pela violência dos golpes e que ele morreu após três dias. Esta crueldade, que acarretou em ódio de seus contemporâneos sobre Othman, hoje é considerada um crime atroz. (T. J. Newbold, Journal Asiatique, Dezembro de 1843, p. 385)

Sintetizando

Mohamed nunca finalizou como o Alcorão deveria ser recitado e permitiu variações.

Houve reais variações e o Alcorão foi sendo memorizado e recitado após a morte de Mohamed. Isso causou problemas.

Othman e uma equipe de outros realizaram uma certa quantia de edições no texto para produzir um texto padrão para o Alcorão.

Então Othman ordenou que todos os outros Alcorões fossem queimados e que sua versão fosse a única versão padrão para o mundo Muçulmano. A tradição oral e escrita agora tem que estar de acordo com a versão padronizada de Othman.

Alguns dos Companheiros, como Ibn Mas’ud, não ficaram felizes com as ações de Othman e sofreram por isso.

Conclusão

No início deste artigo nós consideramos as seguintes afirmações:

O texto do Alcorão é inteiramente confiável. Ele tem permanecido tal como é, inalterado, sem edições, não fraudado de nenhuma forma, desde o tempo de sua revelação. (M; Fethullah Gulen, Questions this Modern Age Puts to Islam. London: Truestar, 1993. p. 58)

Ele (o Alcorão) foi memorizado por Mohamed e então ditado aos seus companheiros, e escrito por escribas, os quais o conferiram com muita precisão durante sua vida. Nenhuma só palavra de seus 114 capítulos (suratas) foi alterada ao longo dos séculos. (Understanding Islam and the Muslims, The Australian Federation of Islamic Councils Inc. (panfleto) Nov. de 1991).

Agora, tendo lido tantas hadiths e outras fontes, é óbvio que estas afirmações Muçulmanas são um exagero e não têm apoio algum das autoridades das hadiths. De fato, as hadiths relatam o oposto. Elas dizem que Mohamed nunca padronizou o Alcorão e permitiu variações e que os Muçulmanos primitivos memorizaram o Alcorão de modos um pouco diferentes. Então Othman e uma equipe de outros padronizou uma versão do Alcorão e ordenou que todas as outras fossem queimadas. Não tenho dúvidas que a coleção do Alcorão que Othman fez é um bom relato do que Mohamed recitou. Contudo, esta não foi a única boa coleção que foi feita e esta não foi a coleção feita por Mohamed.

Notas finais

[1] Labib as-Said, The Recited Koran: A History of the First Recorded Version, tr. B. Weis, M. Rauf e M. Berger, Princeton, New Jersey: The Darwin Press, 1975, p. 22

[2] Ahmad Von Denffer, `Ulum Al-Qur'an, Leicester: The Islamic Foundation, 1994 (Edição Revisada), p. 52

[3Aqui estão algumas poucas referências que mostram que as coleções de Masud e Ubai fo-ram usadas publicamente.

Bukhari e Muslim relatam várias hadits sobre os argumentos comuns entre os Muçul-manos primitivos a respeito das diferenças entre a recitação do Alcorão de Mas’ud do Alcorão de Othman. Isto mostra que o Alcorão de Mas’ud não foi apenas para ‘uso particular’.

Bukhari:

Vol. 5, hadith 85-86, pp. 62-64, hadith 105, p. 71-72; livro 57.

Vol. 6, hadith 467-468, pp. 441-442; livro 60.
Muslim:

Vol. 2, hadith 1797-1802, pp. 393-394, livro 4.

Al-Nadim lista algumas das diferenças entre as coleções de Masud e Ubai e a coleção de Othman (pp. 53-62). Em outra seção de seu livro entitulada: The Books Composed about Discrepancies of the [Qur'anic] Manuscripts (p. 79), Al-Nadim lista sete estu-diosos antigos do Alcorão que estudaram as diferenças entre estas diferentes coleções. (Bayard Dodge (tr.), The Fihrist of al-Nadim (2 vols) (New York, London: Columbia University Press, 1970. pp. 53-62)

Vários Alcorões foram descobertos em 1980 em San`a'. Alguns deles têm a ordem das Suratas que é considerada sendo de Mas’ud e dos outros. Deste modo, nós temos có-pias atuais dessas coleções e então podemos ter certeza que elas existiram e foram de uso público. (Gerd-R Puin, Observations on the Early Qur'an Manuscripts in San`a'. Em "The Qur'an as Text" ed. Stefan Wild, Leiden: Brill, 1996. pp. 110-111)

[4] Mishkat Al-Masabih: Ahmad, Tirmidhi e Abu Dawud transmitiram isto. (tradução para o inglês de James Robson, Sh. Muhammad Ashraf, Lahore, p. 470

* This article is a translation of 'How and why the qur'an was standardized' - original

* Este artigo é uma tradução de 'How and why the qur'an was standardized' - original

Por Samuel Green - Tradução de Wesley Nazeazeno


Fonte: CACP 

Valdemiro Santiago afirma que pastores presos não são da Igreja Mundial, mas é desmentido por outros pastores

Em seu programa de televisão o apóstolo e fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, Valdemiro Santiago, realizou um pronunciamento oficial afirmando efusivamente não conhecer os acusados Sebastião Braz Neto, Felipe Jorge Freitas e Francisco de Moura como pastores da Igreja Mundial. Os três pastores foram presos por tráfico internacional de armas.

O apóstolo afirmou que os acusados possivelmente seriam apenas freqüentadores da igreja e atacou a Rede Globo de Televisão dizendo que conhece funcionários e atores que comentem crimes. Segundo o Apóstolo Valdomiro esta é uma perseguição da Globo devido ao fato dele saber da suposta condição desses funcionários e atores da emissora.

Apóstolo Valdemiro Santiago além de repedir algumas vezes que os acusados não são pastores de sua denominação, afirmou que espera que eles sejam punidos por suas ações. Porém, em sua defesa o Apóstolo se contradisse ao afirmar que “tendo Jesus escolhido 12 [apóstolos], um era diabo. Teria eu direito de em quase 5 mil [pastores] ter 3 diabos?”.

O Outro Lado

Em reportagem à Rede Record, os pastores confessaram pertencer à denominação. A reportagem afirma que eles estavam voltando para Campo Grande (MS) depois uma pregação em uma igreja de Corumbá quando tentaram burlar a fiscalização usando a identificação de pastores.

A reportagem também apurou que membros da Igreja Mundial do Poder de Deus prestaram depoimento a polícia atestando que os acusados realmente são pastores da denominação.

Os acusados também confessaram que um terceiro pastor da mesma igreja estava em Campo Grande esperando com o veículo e os armamentos para levá-los até o Rio de Janeiro, onde outra pessoa iria receber essas armas no morro carioca. Os pastores foram contratados para transportar as armas e ganhariam cerca de R$20mil.

Um pastor da mesma sede em que os acusados pastoravam afirmou que os presos já deveriam ter sido expulsos da igreja, porém ainda esse fato não teria acontecido. Antes da prisão eles exerciam suas funções como pastores normalmente.

O Vice-Presidente do Conselho de Pastores do Município de Três Lagoas também confirmou que, diferente do que Valdemiro Santiago diz, os três são realmente pastores da Igreja Mundial do Poder de Deus, mas afirma que esse foi um caso isolado.

Fonte: Portal Gospel +

Denzel Washington, em entrevista, afirma: “a Bíblia é como uma arma”

Depois de interpretar um policial corrupto em “Dia de treinamento” e um traficante de drogas em “O gângster”, Denzel Washington volta a caminhar entre o bem e o mal em “O livro de Eli“, novo filme dos irmãos Hughes, que estreia nesta sexta (19) no Brasil.

Na história, Washington interpreta um tipo solitário que está disposto a tudo para proteger um livro sagrado que guarda segredos supostamente capazes de salvar a humanidade em um cenário pós-apocalíptico.

Cristão adepto da Church of God in Christ, popular igreja pentecostal afro-americana, o ator conversou com jornalistas em Los Angeles sobre o filme, e o G1 participou da entrevista. Leia a seguir os principais trechos.

O que te atraiu em “O livro de Eli”?

Meu filho gostava muito da história e acabou me convencendo a fazer o filme. Era um bom roteiro. Não apenas mais um filme de ação, “O livro de Eli” tem conteúdo, tem uma mensagem. É o bem contra o mal. São vários fatores do mundo espiritual. ,E pensando bem, ele me convenceu a fazer “Dia de treinamento” e “O gangster”, então acho que acertamos 3 de 3 (risos).

No filme, a Bíblia é tratada ora como uma ferramenta de ajuda à humanidade ora como uma ferramenta para se ter mais poder. Como analisa esta mensagem?

Sabe, sei que isso vai soar estranho, mas a Bíblia é como uma arma. Se ficar aí, em cima de uma mesa, nunca vai machucar ninguém. É uma questão de como você vai usá-la. E isso não se aplica apenas à Bíblia, mas também às palavras. Mas neste caso é interessante porque Eli escuta essa voz que lhe diz para levar a mensagem da Bíblia pelo país, por uma boa causa. Mas ele é o homem mais violento do filme. Quando ele chega numa encruzilhada que o leva a esta cidade onde tem que lidar com um homem cruel, ele precisa também lidar com sua própria humanidade.

Já o personagem de Gary Oldman, Carnegie, tem uma outra visão da Bíblia.

Carnegie obviamente só está procurando uma maneira de manipular a verdade. E nós conhecemos bem essa história, nem sequer precisamos da Bíblia para isso, basta assistir à televisao. Cada lado tentando convencer que tem razão e para isso vivem enchendo a sua cabeça com informação o dia todo. Por isso, que para mim, Deus e estes ótimos livros são espiritualidade. Religião é quando o homem se apodera de um deles e diz o meu está certo e o seu errado. Mas assim é o ser humano. É a nossa falha, uma falha fatal.

Você sabe citar a Bíblia?

Não sou tão bom assim para citar a Bíblia como sou para parafraseá-la (risos). Mas estou aprendendo mais e mais. É a terceira vez que faço a leitura da Bíblia, mas só leio um capítulo por dia, então demora um tempão. Tenho também um livro de estudos que antes de cada capítulo ajuda a entender o contexto, a época na qual a história se passou. Por exemplo, no caso do Novo Testamento, o livro explica o que estava acontecendo em Roma, ou com Cesar etc. É muito bom.

O que aprendeu com essas leituras?

Antes das refeições a gente sempre abençoa e agracede pela comida, fala uma prece e encerra com amém. ‘Deus é amor’. Eu achava que ‘Deus é amor’ era uma só palavra, por ser algo que você recita a toda hora, rapidamente, de maneira quase automática. Aos poucos, durante estes anos, fui aprendendo a recitá-las mais lentamente e percebi que são três palavras. Deus. É. Amor. Independente de qual a sua religião ou livro que esteja lendo, acho que esta é uma lição que ainda estamos aprendendo como pessoas, como raça. Não significa que meu Deus é amor, e o seu não. E aqui vou parafraseando de novo (risos): ‘Faça aos outros o que gostaria que fizessem a você’. Essa é a mensagem fundamental de todas as religiões, mas, de alguma maneira, nós distorcemos isso.

O que motiva Eli é a sua fé. No seu caso, o que mais te motiva?

Também a minha fé. E a minha familia. Tenho muito prazer em ver meus filhos crescerem. E também o meu trabalho. Estou começando a ensaiar para esta excelente peça americana, ‘Fences’, na Broadway, com a atriz Viola Davis, e nem sequer durmo à noite só pensando e trabalhando nisso. É de um vencedor do prêmio Pulitzer, escrita por August Wilson, e foi encenada em 1987, rendendo um prêmio Tony ao James Earl Jones. Como ator, gosto de desafios como esse e como o do filme ‘O livro de Eli’.

Fonte: G1

quarta-feira, 17 de março de 2010

Adoração da Virgem Maria

A adoração de Maria foi uma das últimas doutrinas falsas do Catolicismo, da qual precisei ser libertada. Desde o momento em que entrei na escola St. Paul, fui doutrinada no culto a Maria. Durante os próximos oito anos de escola, eu seria ensinada a fazer orações a Maria (de manhã, duas vezes à tarde e no final do dia letivo). Ser-me-iam ensinadas canções que glorificavam Maria e aprendi a usar rosários, escapulários, velas, incenso e adoração às imagens. Posso dizer, honestamente, que fui “saturada” com a adoração a Maria.

Aos seis anos de idade, eu não tinha a menor ideia de que os mestres do misticismo estavam em vias de me fazer lavagem cerebral e que os mesmos métodos usados em mim seriam usados em milhões de crianças católicas, no mundo inteiro. Esses mestres do misticismo são os jesuítas, as mentes dominadoras por trás da educação católica.

A Ordem Jesuíta, fundada por Inácio de Loyola (o qual era um místico dado a visões de Maria, flagelando-se e se cortando, frequentemente) é, conforme as palavras do teólogo católico J. Huber (professor em Munique), em sua publicação “Les Jesuits” (1875), “uma mistura de piedade e diplomacia; ascetismo e sabedoria mundana; misticismo e cálculo, conforme foi o caráter de Loyola, esta é a marca registrada da Ordem” (The Secret History of the Jesuits, Edmund Paris, p. 19).

Não tenho a intenção de entrar na história dos jesuítas, de sua depravação moral e dos seus inúmeros crimes contra a humanidade, todos eles feitos “para a glória de Deus”, mas vou mostrar bastante sobre os seus ensinos, dos quais eu fui uma aluna.

Não é um jesuíta da antiguidade, mas um contemporâneo, que escreve:

‘Ele [o jesuíta] não pode esquecer que a característica da Companhia (jesuíta) é a total obediência na ação, na vontade e até mesmo no julgamento... Todos os superiores estão ligados, do mesmo modo, aos padres superiores e o Padre General, ao Santo Padre... Isto foi organizado de modo a tornar a autoridade da Santa Sé universalmente eficaz e Sto. Inácio tinha certeza de que o ensino e a educação iriam trazer de volta, a seguir, a unidade católica numa Europa dividida’ [N.T.: O que seria conseguido em menos de 500 anos, através do Papa João Paulo II, com o definitivo estabelecimento da União Européia]. ‘É com a esperança de ‘reformar o mundo’, escreveu o Padre Bonhours, ‘que ele pessoalmente abraçou este método: a instrução à juventude... ’A educação dos nativos paraguaios foi feita sob os mesmos princípios, que eles usaram para aplicar, aplicam agora e aplicarão com todos, em toda parte; o seu objetivo deplorado por Mr. Boehmer, mas que é ideal aos olhos daqueles fanáticos, com a renúncia a todo julgamento pessoal, a toda iniciativa e uma submissão cega aos superiores. Não é aquela ‘altura de liberdade’, ‘libertação da própria escravidão’, louvadas por R. P. Roquette, que mencionamos antes? De fato, os bons guaranis foram tão bem ‘libertados’ pelo método jesuíta durante 150 anos, que, quando os seus mestres os abandonaram, no século 18, eles voltaram às suas florestas e retornaram aos antigos costumes, como se nada tivesse acontecido” (The Secret History... Paris, p. 58).

Os jesuítas acreditavam que se pudessem ensinar a juventude, esta iria lhes pertencer para sempre. Eles consideravam a educação dos jovens como o meio mais importante de conseguir este objetivo. “... pois tanto a mente, como a razão e a imaginação do inumerável povo jovem, desde a sua primeira inclinação em direção ao pensamento independente e à emoção chegar à maturidade completa, poderia ser permanente e sistematicamente influenciada da melhor e mais eficiente maneira”. (The Power and Secret of the Jesuits, René Fullop-Miller, pp. 404-405). [Nota de C.E. - Esta ênfase a respeito da importância de educar os jovens é o objetivo principal do Comunismo].

O. C. Lambert, autor do “Catholicism Against Itself”, reconhece, na p. 278 do Volume II, os perigos: “Se eles (os católicos) puderem uma vez dominar as escolas, logo tudo o mais será governado. Não existe maneira mais efetiva de tornar a América católica do que tomar o controle das escolas. Esta é sempre a primeira linha de esforço para se subjugar um país”.

O Padre Charmot, em “ La Pedagogie des Jesuits”, pp. 414-417, diz: “O método pedagógico da Companhia (jesuíta) consiste, antes de tudo, em saturar os alunos com uma rede de orações... Não fiquemos ansiosos sobre onde e como o misticismo será inserido na educação. Isto não é feito através de um sistema de técnica artificial, mas da infiltração, pela ‘endosmose’. As almas infantis são impregnadas por estarem em íntimo ‘contato com os mestres que já estão literalmente saturados dele”’. (The Secret History... Paris, p. 59).

Apenas estas poucas citações já nos dizem bastante a respeito do objetivo principal dos jesuítas... e do seu desejo de “inserir” o misticismo na educação... Mas, de qual misticismo eles estão falando? “À frente - é característico da Ordem - encontramos a Virgem Maria. ‘Loyola tornou a Virgem a coisa mais importante de sua vida. A adoração a Maria era a base de suas devoções religiosas e foi por ele transmitida à Ordem. Esta adoração se tornou tão desenvolvida que se costumava dizer, e com justa razão, que esta era a verdadeira religião dos jesuítas’”. (O comentário inserido na citação é do Padre Charmot, um católico, não um protestante). (The Secret History... Paris, P. 55).

O próprio Loyola estava convencido de que a Virgem o havia preparado, através de visões e vozes audíveis, para organizar os seus “exercícios espirituais”, os quais ainda hoje continuam sendo praticados. Estes exercícios de “piedade exterior a Maria” prometem “abrir as portas do céu”. Eles consistem em “fazer saudações a Maria, de manhã e à noite, obrigando frequentemente os anjos a saudá-la, expressando o desejo de construir para ela mais igrejas do que todas as que foram construídas por todos os monarcas reunidos; carregar dia e noite um rosário como um bracelete, uma imagem de Maria, etc. [Eles ensinam que] estas práticas são suficientes para garantir a nossa salvação e se, quando estivermos morrendo, o Diabo exigir nossas almas, precisamos apenas lembrá-lo de que Maria é a responsável por nós e que ele deve se entender com ela”. (The Secret History, Paris, p. 61).

Estas práticas eram ensinadas a todas as crianças católicas. Porém, as ações mais extremas, conforme descritas pelo “Padre” Pamble, nas citações abaixo, foram deixadas aos “santos” homens e mulheres, os quais, supostamente, tinham alcançado uma perfeição que nós, dificilmente, esperamos alcançar:

“Espancar ou flagelar o nosso corpo e oferecer cada respiração como um sacrifício a Deus, através de Maria; escrever com uma faca o nome santo de Maria no peito; cobrir-nos, decentemente, à noite, para não ofender o casto olhar de Maria; dizer à Virgem que, de boa vontade, ofereceríamos o nosso lugar no céu, caso ela não tivesse ali o seu próprio lugar; desejar nunca ter nascido ou desejar ir para o inferno, se Maria não tivesse nascido; jamais querer comer uma maçã, se Maria tivesse sido preservada do erro de saboreá-la”. (The Secret History, Paris, p. 61).

Estes degenerados exercícios e formas de adoração foram transformados em expressões licenciosas e sensuais por muitos jesuítas, algumas delas obscenas demais para serem mencionadas. Um hino dedicado à Virgem pelo jesuíta Jacques Pontanus declarava: “Ele (Jacques) não conhecia coisa mais bela do que os seios de Maria, nada mais doce do que o seu leite e nada mais delicioso do que o seu abdome.” (The Secret History... Paris, p. 60).

É importante entender que as pessoas por trás da educação haviam sido, elas mesmas, saturadas de misticismo, de modo que, facilmente, poderiam poluir as crianças a quem estavam ensinando. Muitos dos jesuítas experimentavam visões místicas, como Rodrigo de Góis, o qual “ficou tão seduzido pela inexpressiva beleza [de Maria], que foi visto flutuando no ar. Um noviço de sua Ordem, falecido em 1581, era sustentado pela Virgem em sua luta contra as tentações do Diabo; para fortalecê-lo, ela lhe dava, de tempos em tempos, uma prova do gosto do sangue do seu Filho e o conforto dos seus seios “ (The Secret History... Paris, p. 60).

As crianças católicas não apenas são ensinadas a crer em Maria, numa base regular, como, em cada matéria, é usada a propaganda católica, a fim de melhor doutriná-las, tornando cada vez mais difícil que elas se libertem desta escravidão. O parágrafo seguinte foi citado numa recente concorrência de opiniões, pelos juízes Douglas, Black e Marshall, quando a Suprema Corte dos USA, em dois casos, em 26/06/1971, tentava saber, por votações de 8 X 0 e 8 X 1, se o auxílio do Estado às escolas paroquiais e particulares era inconstitucional.

“Nas escolas paroquiais, a doutrinação católica romana está incluída em cada matéria: na história, literatura, geografia, civismo e ciência existe sempre uma inclinação católica romana. Toda a educação infantil é recheada de propaganda (católica). Este, claro, é o exato propósito destas escolas, sua verdadeira razão para fazer toda a obra, sem a despesa de manter o sistema duplo da escola. Seu objetivo não é tanto educar, mas doutrinar e treinar; não para ensinar as verdades da Escritura e o Americanismo, mas transformar as crianças em leais católicos romanos. As crianças são arregimentadas e lhes dizem o que devem usar, fazer e pensar”.

Como um breve exemplo desta “tendência católica”, permitam-me citar o autor de “Christianity in America”:

“The Catholic Social Studies Series” (A Série de Estudos Católicos Sociais) do Rev. Charles Mahoiney, Ph.D., na p. 220, sob o título “The Roots of Frontier Democracy”: “Esta (democracia) não foi uma nova doutrina; ela foi desenvolvida de forma clássica, na Idade Média, por Sto. Tomás de Aquino... Os legítimos pais da democracia são o filósofo escolástico medieval e o fazendeiro americano”.

Que mentira deslavada! Tomás de Aquino jamais ensinou democracia - muito pelo contrário! Ele acreditava que qualquer pessoa que se opusesse a Roma deveria ser morta... Isto não me parece democrático. Releiam a [encíclica] “Sylabus of Errors” do Papa Pio IX, a qual continua válida para todos os católicos! Uma visão mantida pelo nosso governo americano, condenada por Pio IX é que: “Todo homem é livre para abraçar e professar a religião a qual, guiado pelo sentido da clara razão, ele considere verdadeira”.

É obvio que as crianças católicas estão ouvindo uma história corrompida e distorcida. A luta do Protestantismo para se livrar das cadeias da tirania com as quais Roma tentou escravizar a humanidade, há muito se perdeu, sendo agora recontada pelos livros católicos.

Para que contar a verdade, se esta iria esclarecer as abominações e atrocidades de Roma e esta ficaria sendo conhecida conforme o foi pelos gregos, como “A Casa das Falsificações”, durante sete séculos? “Estas falsificações fizeram parecer que as declarações absolutistas do Papa Gregório VII estavam embasadas em registros antigos, cuidadosamente guardados nos arquivos de Roma. Sempre que eles (os gregos) tentavam falar com Roma, os papas apresentavam os documentos falsos, e até mesmo edições papais de documentos do Concílio, os quais, obviamente, jamais tinham sido vistos pelos gregos. Muitos dos documentos antigos foram manipulados para conter o contrário do que realmente continham originalmente”. (Vicars of Christ - Peter De Rosa, pp. 58-59).

Se a verdadeira história fosse contada, Roma seria denunciada como uma fraude; mas ela continua enganando os estudantes com informações falsas, agindo, cuidadosamente, para fazer com que o público permaneça embasado em seu engodo.

Uma observação por demais interessante é feita por Loraine Boettner em seu livro “Roman Catholicism”:

“A maior parte dos ensinos nas escolas paroquiais é feito por freiras. Elas ensinam as crianças a reverenciar e adorar a Virgem Maria e a confiar em imagens e rosários, quer queriam ou não conhecer alguma coisa de sua fé em Cristo. Todas as freiras estão sob o pacto solene de promover sua religião em cada curso que ensinam. Elas trabalham, ano após ano, sem receber salário algum, apenas casa e comida, sem gozar qualquer liberdade pessoal, a qual todo americano tem o direito de usufruir. Elas são mantidas na mais abjeta pobreza, enquanto o dinheiro flui livremente para os padres, bispos e, especialmente para o Vaticano, em Roma” (Boettner, pp. 360-361).

O coração do jesuitismo é que todos se entreguem à sujeição ao papa; portanto, a vantagem da hierarquia é ter os seus servos ensinando as crianças a se tornarem suas escravas. Eu sei. Eu quis ser freira, durante todos os meus anos de escola. Usar este tipo de sedução mental tem feito com que muitos jovens - homens e mulheres – entrem num convento e muitos até ficam com sentimento de culpa, por ousarem pensar por si mesmos; muitos até terminam cometendo suicídio. A irmã de um amigo meu veio do convento para um fim de semana, durante os feriados, e atirou nela mesma. Poucos sabem por que...

Muitos companheiros cristãos acham difícil testemunhar a um católico, porque todos eles estão “saturados de misticismo”, usando as mesmas técnicas que Hitler usava com a juventude e na S.S. nazista. Sim, foram as técnicas jesuítas que Hitler tanto admirava ... “Eclesiasticismo sem Cristianismo, a disciplina de uma regra monástica, não por amor a Deus, ou para obter a salvação, mas por amor ao Estado e para a maior glória e poder de um líder demagogo - foi este o objetivo pelo qual o sistemático movimento de massas foi comandado” (Brave New World Revisited, Huxley, pp. 44-45).

Conforme Hermann Rauschning escreveu, em 1939: “Hitler nutria um profundo respeito pela Igreja Católica e pela Ordem Jesuíta, não por causa da sã doutrina cristã, mas por causa da ‘maquinaria’ que eles têm elaborado e controlado, seu sistema hierárquico, suas táticas extremistas, seu conhecimento da natureza humana e o seu sábio uso da fraqueza humana, no sentido de dominar os fiéis”.

Estas mesmas técnicas são usadas com as democráticas crianças na América, até os dias de hoje. Como os nossos patriarcas fundadores sabiam discernir os perigos jesuítas! John Adams, em 1816, assim escreveu ao seu sucessor, Thomas Jefferson:

“Não gosto do reaparecimento dos jesuítas... Se já não tivéssemos suficientes admoestações sobre eles, em quantos disfarces como somente um rei dos ciganos pode assumir, vestidos como pastores, publicadores, escritores e mestres nas escolas? Se existe um corpo de homens que mereça condenação eterna, na terra e no inferno, este é a Sociedade Jesuíta de Loyola. Mesmo assim, somos obrigados, pelo nosso sistema de tolerância religiosa, a oferecer-lhes asilo” (The Power and Secret of the Jesuits - René Fullop-Miller, p. 390).

Thomas Jefferson respondeu ao seu antecessor:

“Como você, desaprovo a restauração dos jesuítas, pois ela significa um retrocesso da luz para as trevas” (Ibid, p. 390).

E, de fato, são trevas. Um pai católico é forçado a mandar o filho ou a filha para uma escola católica. “A Lei Canônica 1374 nega a liberdade de escolha aos pais católicos romanos com relação às escolas e dizem que eles devem enviar seus filhos à escola paroquial, sob pena de pecado mortal, a não ser que ele seja dispensado pelo bispo”. (Roman Catholicism, Bottner, p. 358-359). Boettner mostra que os pais não têm escolha e nenhum direito, no que se refere aos professores, textos e métodos de instrução, conforme a Lei Canônica 1381:

1. - Em todas as escolas o treinamento religioso dos jovens fica sujeito à autoridade e inspeção da igreja católica” (isto é, do padre ou bispo).

2. - É dever e obrigação dos bispos cuidarem que nada seja ensinado ou feito contra a fé e a sã doutrina moral, em qualquer escola do seu território.

3. - Os bispos têm também o direito de aprovar os professores de religião e os livros textos e ainda exigir que os textos sejam retirados ou os professores removidos, quando o bem da religião ou da moralidade exigir esta ação.

Entramos numa escola católica, a pedido de um padre, o qual disse que era muito ruim estarmos morando numa cidade que havia abandonado Deus (a cidade de Greentown fora protestante no início). “O fato é que a escola paroquial fora primeiramente projetada pelos padres e bispos, como um meio de preservar as crianças de sua igreja das crianças protestantes e da influência das escolas públicas, durante os seus anos de formação, a fim melhor doutriná-las e controlá-las”. (Boettner, p. 359).

Em todos os métodos jesuítas de controle, para formar nossas mentes em total obediência a Roma, eles têm apenas uma coisa a temer - a Palavra de Deus. Por isso é que eles, o tempo inteiro, têm trabalhado na publicação de “novas e melhores versões” [da Bíblia]. Eles sabem, pela experiência da história, que “A palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4:12).

A partir do momento em que Jesus circuncidou meu coração (Deuteronômio 3:6), para ouvir a Sua Palavra, o controle que o Catolicismo exercia sobre mim diminuiu, até que se perdeu, definitivamente. Escapei das garras de Roma, mas atrás de mim ainda existem milhões, como eu, aos quais foi entregue o fundamento jesuíta. Quem desejar testemunhar a um católico, deve estar preparado para uma luta, pois estamos em guerra, numa guerra espiritual: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efésios 6:12).

“Worship of the Virgin Mary”, Rebecca Sexton.

Traduzido por Mary Schultze

Em congresso evangélico, José Alencar diz que milagre "definhou" tumores

O presidente em exercício, José Alencar, afirmou na noite de segunda-feira que a redução de seus tumores é milagrosa. "Estão definhando, desaparecendo e isso é um fato", afirmou ele, durante um evento da comunidade evangélica em Belo Horizonte.

Alencar foi um dos palestrantes no 10º Congresso Empresarial da Igreja Universal do Reino de Deus. Ao público, formado por fiéis da Igreja Universal e políticos ligados ao movimento evangélico, o vice-presidente contou sua trajetória como empresário, desde o momento em que deixou a casa dos pais, aos 14 anos.

Ele falou também da sua luta contra o câncer, que começou em 1997 e já o fez passar por 15 cirurgias. "Graças a Deus, agora na quarta-feira da semana passada, fizemos os exames. Olha, é um sucesso absoluto, é um verdadeiro milagre", disse.

Alencar afirmou que, momentos antes de chegar ao evento, recebeu um telefonema do presidente Lula, que está no Oriente Médio, para lhe dar os parabéns pelo resultado dos exames de saúde.

"Eu, às vezes, fico preocupado, até. Será que eu mereço esse milagre, será que eu mereço isso? Eu terei feito alguma coisa para merecer isso? Eu me pergunto", afirmou.

Fonte: Terra

Para Refletir...

Amor -- Característica Do Cristão



"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aqueleque não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor" (1 João4:7, 8).


Os cães da raça São Bernardo, que buscam viajantes perdidosnos Alpes, em uma tempestade, levam sua missão muito asério. Um desses cães, certo dia, retornou muito tarde, cansado de abrir caminho pelos ventos. Ele entrou em seu canil, e deitou-se em um dos cantos, mostrando-se descontente, apesar dos esforços de seu mestre para encorajá-lo. Ele estava doente? Bem, não -- não em corpo, mas de coração. Ele falhou na tentativa de ajudar alguém e
voltou envergonhado. Da mesma forma, essa atitude -- uma tristeza no coração por não ter ajudado ao próximo, deveria caracterizar todos os cristãos.


Temos, realmente, nos sentido tristes, ao agir com indiferença às necessidades das pessoas que nos cercam? Temos nos importado com o fato de estarem caminhando sem o Senhor e, por isso, não desfrutando das Suas ricas e maravilhosas bênçãos? Temos vivido apenas para receber as dádivas de Deus e não para ser uma bênção em suas mãos?

De que adianta eu ser chamado de "cristão" ou "discípulo do Senhor Jesus" se não O imito e nem sigo as Suas instruções? A minha vida nada mais é do que insípida e sem brilho. Poderia até dizer que sou um "cristão sem Cristo".

 
O Senhor espera muito mais de nós. Espera que o amemos e, da mesma forma, amemos aos que não O conhecem. Precisamos amar aos bons e aos que não o são; aos que crêem e aos incrédulos; aos que Lhe abrem o coração e aos que O rejeitam.


Você crê que o amor é uma grande característica de sua vida? Sente-se triste quando não pode ajudar alguém?

Fonte: Artigo enviado por e-mail

Líder da Igreja Mundial manda recado para TV Globo, assista

O Apóstolo Valdemiro Santiago, disse em seu programa de TV que os traficantes presos no MS não são pastores de sua Igreja.
No seu programa de TV o Apóstolo Valdemiro Santiago, líder e fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, falou sobre a prisão dos três traficantes de armas que foram detidos no MS, e identificados como pastores de sua igreja.

O Apóstolo afirmou que não os conhece como pastores da Mundial, e mandou o seu recado para a TV Globo.

http://www.youtube.com/watch?v=ZQYRDvJiBUE Fonte: O Galileo

segunda-feira, 15 de março de 2010

SANTO DAIME O Culto do Cipó

Natanael Rinaldi
Revista Defesa da Fé


São bem oportunas as palavras bíblicas de Romanos 1.22: "Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos", quando nos propomos a falar sobre o grupo religioso SANTO DAIME. Dizemos isso porque, nesse grupo religioso, aparentemente desconhecido, existem celebridades da TV que já se pronunciaram publicamente como membros dele. E não é só isso. Até o famoso pastor Neemias Marien já fez parte de reuniões religiosas onde o chá foi bebido.

Conta ele: "Concentrado no culto, cantei, com o mais vivo entusiasmo, todas as canções de louvor, mas sempre muito atento às mínimas ocorrências envolvendo os circunstantes. Vi nocauteada a resistência de muitos que se entregavam relaxados nos colchonetes e poltronas espalhados pela sala. Vi outros se transfigurarem, em êxtase, os olhos vítreos esbugalhados. Um jovem tomou-me a mão, como um náufrago perdido no mar e, literalmente, urrava como leão. Muitos vomitavam, enquanto outros corriam ao banheiro. Um outro virou uma estátua vibrante, o tempo todo em obediência a seus chakras, segundo disse. Então, após o segundo cálice, comecei a sentir as mãos frouxas e uma ligeira cãibra nas pernas, dando-me a impressão de desmaio, embora em momento algum me sentisse tenso. Procurei cantar com mais entusiasmo, mas logo percebi ser melhor procurar o sofá, no qual o meu corpo caiu pesado. Foi nesse instante que, relaxado, rendi-me ao DAIME, sem alucinações, mas com a consciência da purificação espiritual centrada em Jesus."(...) "Creio que, também, pelo Santo Daime, pode-se contemplar a luz divina e alcançar a purificação do espírito e a cura interior."(JESUS, A Luz da Nova Era, pp.120/21).

Pode haver maior apostasia do que essa, de se ler um pastor afirmar que "contemplou a luz divina" e alcançou a "purificação do espírito e cura interior" depois que tomou o chá ??? A luz divina, como sabemos pela Bíblia, é Jesus Cristo: "Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo o homem que vem ao mundo" (Jo 1.9). Purificação do espírito se faz pelo sangue de Jesus e não por tomar-se um chá - "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." (Jo 1.29). E cura interior alcançamos quando atendemos ao convite de Jesus, em Mt 11.28,29: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas."

EFEITOS DO CHÁ
A bebida é preparada com o cozimento de dois vegetais da floresta amazônica: o cipó jagube (Banisteriopsis caspi) e a folha chacrona (Psychotria veridis). É conhecida como ayahuasca ou, abreviadamente, OASCA. É ingerida para proporcionar vidências, comunicação com espíritos, alívio físico e psíquico, curas, etc. É uma porta aberta para os estados alterados de consciência. Produz um desarranjo intestinal tão violento que a pessoa que o bebe sente necessidade de ter ao seu lado um vomitório móvel porque não há tempo de ir ao banheiro comum.

O NOME
DAIME - dizem - vem do verbo dar, no imperativo. "'Daime' paz, 'Daime' saúde, 'Daime' felicidade!" - é a aspiração dos membros da entidade. É um tipo de seita eclética, uma mistura de espiritismo, cultos afro-brasileiros e catolicismo romano, resultantes de três culturas (a branca, a negra e a indígena). O livro sagrado que adotam é o seu hinário. As letras dos hinos constituem a diretriz para os seguidores. Todos os ensinamentos são ministrados por hinos naquele estado alterado de consciência proporcionado pelo Daime, encontrando-se neles suas crenças básicas. A principal característica do Santo Daime é o canto. São conhecidos também como "Povo de Juramidam", expressão composta de Jura (pai) e Midam (filho). Tal é o nome que o iniciador da seita diz ter recebido das entidades divinas. Juramidam representa a segunda volta de Jesus à terra, sendo assim o povo de Juramidam o povo de Jesus Cristo. Impossível para um leitor da Bíblia ler sobre um tipo de culto envolvido com práticas mediúnicas, idolatria e feitiçaria, admitir que seja "povo de Jesus". O próprio Jesus declara ser a luz do mundo e que aquele que o segue não andará em trevas (Jo 8.12). Em nenhuma passagem bíblica se encontra qualquer ensino de Cristo que se assemelhe a um ensino que envolva espiritismo, feitiçaria e idolatria.

O FUNDADOR
O fundador, Raimundo Irineu Serra, nasceu em 1892, no Maranhão, e faleceu em 1971. Aos 20 anos de idade, integrou um movimento migratório de nordestinos para trabalhar na extração de látex. Na floresta amazônica Irineu e seus companheiros foram misturando a sua cultura com a dos índios e aprenderam a preparar a bebida, que lhe provocava "visões". Numa dessas "visões" apareceu-lhe uma mulher chamada Clara, que se dizia Nossa Senhora da Conceição, a Rainha da floresta. Ela falou-lhe: "Quem é que tu acha que eu sou? Ele olhou e disse: Para mim a senhora é uma Deusa Universal. Tu tem coragem de me chamar de Satanás, isso ou aquilo outro? Não, a senhora é uma Deusa Universal. Tu achas que o que tu está vendo agora, alguém já viu? O mestre Irineu refletiu e achou que alguém já podia ter visto, tantos que faziam a bebida que ele podia estar vendo o resto. A senhora então disse: O que você está vendo agora ninguém jamais viu, só tu. E eu vou te entregar esse mundo para tu governar. Agora tu vai se preparar, porque eu não vou te entregar agora. Vai ter uma preparação para ver se você tem merecer verdadeiramente: você vai passar oito dias comendo só macaxeira (mandioca) cozida, com água e mais nada."

Relatou Irineu que foi ela quem deu o nome de Santo Daime à bebida e ditou normas para a realização do ritual. Ele adquiriu poderes extra-sensoriais e aí passou a ter vidência e a comunicar-se com os mortos. Nas reuniões evocam Jesus Cristo e os santos católicos como Nossa Senhora da Conceição, São João Batista, São José. Paralelamente evocam entidades indígenas como Tuperci, Ripi Iaiá, Currupipipiraguá, Equior, Tucum, Barum, Marum Papai Paxá, B. G., Rei Titango, Rei Agarrube, Rei Tintuma, Princesa Soloína, Princesa Janaína e Marachimbé.

HISTÓRIA
Em 1945, Mestre Irineu fundou o Centro de Iluminação Cristã Luz Universal, que chegou a congregar 500 membros efetivos. Um discípulo de Irineu, o seringueiro padrinho Sebastião, fundou outra comunidade, a Colônia Cinco Mil, também no Estado do Acre, que no foro civil foi registrada como entidade filantrópica, tendo o nome de CEFLURIS (Centro Eclético de Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra). Depois da morte do fundador em 1971, o padrinho Sebastião o substituiu na direção da entidade, vindo a falecer em 1990. O filho de Sebastião, o padrinho Alfredo Gregório de Melo, está na liderança do movimento Santo Daime que, atualmente, conta por volta de 30 núcleos e para mais de cinco mil adeptos.

FESTIVIDADES
Quase na totalidade seguem as festividades dos dias santos do catolicismo, juntando mais uma festa extra na data do nascimento do fundador (15 de dezembro). O ano religioso tem começo aos 6 de janeiro, em homenagem aos "Três Reis do Oriente", seguindo-se as datas de 20 de janeiro (São Sebastião), sexta-feira santa, 24 de junho (São João Batista), 2 de novembro (Finados), 8 de dezembro (Nossa Senhora da Conceição, padroeira dos trabalhos).

DOUTRINAS E REFUTAÇÕES

RITUAL
Dentro do ritual encontramos práticas religiosas ligadas à idolatria, à feitiçaria e às cerimônias católicas.

a) Idolatria:
O Estatuto da CEFLURIS declara, entre outros pormenores, os seguintes itens, esclarecendo que a entidade é "fundamentada no Ritual do Ecletismo Evolutivo, ou seja, de várias correntes religiosas que se interpenetram, tendo como ponto de partida o Cristianismo." (p. 41 da revista PERGUNTE E RESPONDEMOS, setembro/90).

Comentário: O Santo Daime é formado por várias correntes religiosas como catolicismo, cultos afro-brasileiros e indígenas. Ora, o ecletismo religioso é uma abominação aos olhos de Deus. Apontamos como exemplo o povo israelita no deserto, acampado junto ao Monte Sinai. Enquanto Moisés estava no Monte Sinai, o povo embaixo resolveu prestar um culto a Deus, criando um ídolo na forma de um bezerro de ouro. Depois de pronto instituíram uma festividade e a justificaram com os seguintes dizeres: "Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito. E Arão, vendo isto, edificou um altar diante dele; e Arão apregoou, e disse: Amanhã será festa ao Senhor." (Êx 32.4,5). Como Deus encarou uma festividade eclética entre ele e o bezerro de ouro? Disse Deus a Moisés, lá no Monte Sinai: "Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido. E depressa se tem desviado do caminho que eu lhes tinha ordenado; fizeram para si um bezerro de fundição, e perante ele se inclinaram, e sacrificaram-lhe, e disseram: Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito." (v. 7,8). As práticas ligadas à idolatria foram mais tarde condenadas pelos profetas: "Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória pois a outrem não darei, nem o meu louvor às ../imagens de escultura." (Is 42.8). "Eu anunciei, e eu salvei, e eu o fiz ouvir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor; eu sou Deus." (Is 43.12).

b) Feitiçaria:
Sabemos que os cultos afro-brasileiros tributam louvores a entidades também conhecidas como orixás, que pensam ser os intermediários entre o deus Olurum e os homens.

Ora, sabemos que tais entidades espirituais, embora sejam chamados "santos", na verdade são espíritos demoníacos que povoam os ares como afirma Paulo em Ef 6.12: "Porque não temos que lutar contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais." Afirmamos: o que consta do estatuto nada tem a ver com o cristianismo. Quando há genuína conversão a Deus, há o abandono dos ídolos e de todo o ecletismo. Jesus foi enfático dizendo: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro." (Mt 6.24).

c) Ritual da bebida:
O cipó é cortado em pedaços de 20 cm de comprimento. A partir das 2 horas da madrugada, realiza-se a "bateção": turmas de 12 homens revezam-se de duas em duas horas no trabalho de esmagar os pedaços de jagube sobre troncos de árvores fixos no solo, utilizando marretas de cumaru, pau tirco ou bálsamo, sendo que o ritmo é acompanhado por hinos adequados. A bateção significa purificação em si e serve para o sujeito se disciplinar. O cozimento do cipó macerado e das folhas, se dá na proporção de duas medidas de cipó para uma das folhas de chacrona e é uma das etapas mais delicadas do ritual. Não se deve conversar com a pessoa encarregada, pois ela controla o ponto de fervura da bebida, que é indicado por uma entidade do Santo Daime presente no plano astral, a qual se manifesta no momento em que se completa o cozimento para que a panela seja retirada da fornalha. Todos são avisados desse procedimento através de uma campainha acionada pelo encarregado.

Essa entidade, que desce e se manifesta no momento em que é completado o cozimento, é uma das manifestações malignas, embora possa ser chamada por nomes indígenas como Tuperci, Ripi Iaiá, Currupipipiraguá, Equior, Tucum, Bvarum, Marum Papai Paxá, B. G. , Rei Titango, rei Agarrube, Rei Tintuma, Princesa Soloína, Princesa Janaína e Marachimbé.

d) Cerimônias católicas:
Durante o ritual rezam missa em favor dos falecidos e cantam-se dez hinos sem instrumentos musicais, sem bailados. Reza-se um terço, ficando o Salve Rainha para o término da sessão. Essa prática é ligada à Igreja Católica.

Não se deve celebrar missas aos mortos, porque elas são inúteis. Jesus afirmou que se alguém morrer sem crer nele como único e suficiente Salvador nunca poderá ir para onde ele foi. Jesus foi para o céu de onde virá para buscar o seu povo (Jo 8.21,24; Jo 14.2,3). O ritual do Santo Daime é ritual pagão, impróprio e condenado pela Bíblia em Dt 18.9-12.

APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Relata o Mestre Irineu que recebeu uma visão de uma senhora divina que ele pensou ser uma deusa Universal, identificando-a até como se fosse Satanás. Entretanto, posteriormente, na própria "visão", foi esclarecido de que se tratava de Nossa Senhora da Conceição.

Para os que têm a Bíblia e a consideram como autoridade maior no campo religioso, devem ter presente as palavras de Paulo - em Gl 1.8,9 - que afirmam: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vô-lo dissemos, agora de novo também vô-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema." Ora, se esse grupo religioso tem como "princípio básico e fundamental o Santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo" como reza o item 2 do Estatuto, deveria saber que o evangelho que Jesus pregou incluía o arrependimento e fé na sua pessoa (Mc 1.15), pois sem arrependimento ninguém poderia salvar-se (Lc 13.3); e que afirmava a necessidade da sua morte, sepultamento e ressurreição como meio de salvação.(Mt 16.21-23; 20.28). Jesus nada ensinou sobre ecletismo, mas foi incisivo ao afirmar que existem "duas portas" e "dois caminhos" que levam a dois fins distintos. "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que o encontram" (Mt 7.13,14).

UM CULTO ABSURDO
É tão absurdo esse culto do Santo Daime que se declara: "Há quem vomite e quem seja cometido de desarranjos intestinais, ou as duas coisas juntas. E com que objetivo? Ocorrendo a ânsia de vômitos e a diarréia depois que se toma o chá é que a pessoa está passando por uma espécie de 'limpeza espiritual'. Ou seja, de alguma maneira está se livrando de tudo aquilo que a impede de estar em comunhão com Deus" É esse um culto racional? Paulo recomenda que apresentemos os nossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (Rm 12.2).

Bibliografia das obras consultadas:
1. MELO, Fernando dos Reis de. Religião & Religiões - Perguntas que muita gente faz. Editora Santuário.
2. BETTENCOURT, Estevão Tavares. Crenças, Religiões, Igrejas & Seitas: quem são?
3. MARIEN, Pr. Nehemias. Jesus à Luz da Nova Era. Editora Record.
4. Revista "Pergunte & Respondemos", nº 340, setembro de 1990, pp.38/48.


Fonte: Jesus Site

Divorciada aos 10 anos

Ela sai de casa para comprar pão para a família. É o único momento que terá. Seu coração bate tão forte e tão rápido que teme que o escutem. Deixa as ruas conhecidas e dirige-se à avenida. Nas mãos, tem o pouco dinheiro que a segunda esposa do pai botou em suas mãos, dinheiro ganho pedindo nas ruas. E o dinheiro do pão, também ganho pedindo nas ruas. Ela é a única criança sem acompanhante. Olha para o chão. Salta para dentro do ônibus junto com a multidão. Escapa.

Quando o ônibus a deixa nas ruas novamente, ela não sabe como vai atravessar a avenida de tráfego insano. Ela nunca fez isso antes. Ela nunca fez tanta coisa antes. Avista o táxi. E faz sinal, como viu sua irmã mais velha fazer um dia. Entra no táxi e diz: “Me leve ao tribunal”. O motorista estranha, mas nada diz. Na corte, há tanta gente, e ela não sabe a quem se dirigir. Então avista a mulher numa mesa e anuncia: “Quero falar com o juiz”.

A mulher faz muitas perguntas. Ela só repete: “Quero falar com o juiz”. Finalmente a mulher a leva até uma sala onde, ao longe, sentado atrás de uma mesa, ela vê um homem parecido com aqueles que viu na televisão do vizinho. Espera a sua vez pensando no mar que sonha conhecer. Ela tem um oceano inteiro na cabeça, como todas as crianças que precisam imaginar para vencer dias em que a sobrevivência é arrancada minuto a minuto. A sala se esvazia. É a sua vez. Ela se posta diante do juiz. Diz:

– Quero o divórcio.

Era 2 de abril de 2008. Em Sanaa, capital do Iêmen. Neste dia, Nujood Ali, uma menina de 10 anos, torna-se maior do que qualquer das lendas de sua infância brutalmente interrompida. Sozinha, metida no véu preto das mulheres casadas, ela atravessa um mundo para transformá-lo para sempre.

Sua história em livro, escrita com a ajuda de uma jornalista radicada em Beirute, Delphine Minoui, acaba de ter a versão em inglês lançada nos Estados Unidos – I am Nujood, Age 10 and Divorced (“Eu sou Nujood, 10 anos e divorciada” – Three Rivers Press, 2010).

O que me capturou na história de Nujood, além do extraordinário explícito, foi compreender que tipo de força moveu uma menina de 10 anos a vencer as ruas de uma cidade caótica e séculos de submissão para alcançar a mesa do juiz de um país muçulmano para pedir o divórcio. Quando fazem a ela a pergunta – como você foi capaz? –, a pequena Nujood apenas diz: “Eu não suportava mais”.

Era isso. Ela não suportava mais.

Olho para o globo na minha escrivaninha xerife – tenho um mini que levo a todos os lugares onde trabalho para nunca me esquecer que o mundo é grande e a pequenez não vale nem a pena nem a vida. Quero compreender melhor Nujood. O Iêmen é distante para mim.

As últimas notícias que ouvi sobre esse país tão longe de nós contavam que a Al Qaeda havia transferido sua base de operações terroristas para lá. No passado, os romanos chamavam a região de “Arábia Feliz”, porque suas terras eram as mais férteis e irrigadas da desértica península arábica. A rica rainha de Sabá, citada na Bíblia, era dessa terra solar.

A região teve muitos conquistadores, de turcos otomanos a britânicos. O Iêmen do Norte tornou-se republicano nos anos 60 e sofreu uma sucessão de golpes militares durante os 70. Na mesma época, o Iêmen do Sul tornou-se o único estado comunista do Oriente Médio. Apenas em 1990 o Iêmen fundiu-se em uma só nação, até hoje assolada por conflitos separatistas que já geraram mais de 150 mil refugiados.

Não por acaso a Al Qaeda acha que é uma boa ideia se estabelecer nesse país convulsionado de 23,6 milhões de habitantes: além de preencher os requisitos geográficos, 41% da população é analfabeta, quase metade vive abaixo da linha de pobreza e o desemprego atinge um quarto da força de trabalho.

Nujood é filha de uma dessas famílias abaixo da linha de pobreza. Migrou para a capital, Sanaa, com seus pais e irmãos, depois de serem expulsos de sua aldeia no campo em uma desavença que envolveu o estupro de uma das irmãs mais velhas. Na cidade, o pai perdeu o emprego e não conseguiu outro, os filhos passaram a vender bugigangas e a pedir esmolas nas avenidas, como fazem a maioria de seus vizinhos. Apesar de seu país ter um presidente e uma legislação unificada, o mundo de Nujood é ainda aquele que se curva à tradição e ao poder dos chefes locais. A força dos costumes revela-se no ditado popular: “Se quiser garantir um casamento feliz, case-se com uma menina de 9 anos”.

Não é uma brincadeira. Metade das meninas do Iêmen é casada por seus pais na infância e na adolescência com homens adultos. Quando o pai de Nujood anunciou que a entregara em casamento a um homem de sua aldeia, na faixa dos 30 anos, aos olhos de seu mundo não estava fazendo nada nem errado nem incomum. Mona, a irmã preferida de Nujood, levantou os olhos num movimento que deve ter lhe custado muito e disse: “Ela é muito jovem para se casar”. O pai retrucou: “Muito jovem? Quando o profeta Mohammad desposou Aïsha, ela tinha apenas 9 anos”. Depois, o pai ainda afirmou: “Ele prometeu não tocá-la antes da primeira menstruação”.

Em fevereiro de 2008, dois meses antes de postar-se diante do juiz e mudar um mundo inteiro, Nujood foi casada contra a sua vontade. E levada pelo marido desconhecido de volta à aldeia onde nasceu. Na mesma noite, foi violentada por esse homem cheirando a cebola. Nujood gritou, pediu socorro à sogra, correu e derrubou coisas pelo caminho. Silêncio. Ninguém a acudiu. Quando se sentiu queimar por dentro, e uma dor além do suportável, desmaiou.

No dia seguinte, nua e machucada, foi acordada pela sogra e pela cunhada: “Parabéns!”. E assim seguiram-se as horas de sua nova vida de criança casada, trabalhando na cozinha durante o dia, sendo estuprada e espancada à noite. Maltratada pelas mulheres da família do marido e pelas vizinhas por gritar e chorar nas madrugadas, o que consistia numa rebeldia inaceitável.

No mês seguinte, o marido a levou à capital e consentiu que ela ficasse algumas semanas na casa de sua família. Nujood achou que estaria salva. Mas o pai disse a ela que agora era uma mulher casada e seu lugar era ao lado do marido. Do contrário, estaria jogando na lama a honra da família. A mãe afirmou que a vida de todas as mulheres era assim, que era preciso se resignar e aceitar seu destino.

Com o tempo se esgotando, Nujood descobriu que estava sozinha. Como último recurso, bateu no pobre apartamento onde a segunda esposa do pai vivia com cinco filhos, à custa de pedir esmolas nas ruas. Depois de ouvi-la, a jovem mulher disse: “Você precisa ir ao tribunal”. E fechou as mãos da menina sobre o pouco dinheiro que conseguira naquele dia.

Na manhã seguinte, quando a mãe disse a Nujood que fosse comprar pão para a família, a menina atravessou o mundo e postou-se diante do juiz.


O juiz e seus colegas acolheram Nujood. Shada Nasser, advogada iemenita e ativista dos direitos das mulheres, assumiu sua causa. Um repórter brilhante, Hamed Thabet, e a editora-chefe do jornal Yemen Times, Nadia Abdulaziz al-Saqqaf, fizeram um grande barulho na imprensa, que atravessou as fronteiras e se espalhou pelo Ocidente. Nujood começou a conhecer uma outra face da sociedade iemenita, culta e progressista, onde as mulheres não se sentiam obrigadas a cobrir o rosto e o corpo com niqabs, estudavam e elegiam seus destinos.

Em 15 de abril de 2008 Nujood tornou-se a primeira esposa-criança a obter o divórcio no Iêmen. Hoje, com 12 anos, vive com sua família. No princípio, os pais e os irmãos achavam que ela tinha lançado vergonha sobre seu nome. Agora, que os royalties do livro garantem uma parte do sustento de todos, sua história tornou-se mais palatável. Em casa, não se fala sobre o que aconteceu. O irmão mais velho apenas anuncia, a voz irritada, que mais um jornalista estrangeiro está batendo na porta.

Nujood e sua irmã menor voltaram para a escola. E esta é outra face extraordinária da história de Nujood: depois de toda a violência, ela voltou a ser criança. Mais madura, mais sábia, mais doída, mais livre. Ainda assim, de volta à infância como uma criança que brinca, desenha e sonha.

Como repórter, acompanhei muitas histórias de crianças violadas de todas as maneiras. Percebi que só sobreviviam com chance de ter uma vida àquelas que conseguiam manter dentro de si algo de intacto. Uma parte delas mesmas que seus algozes não conseguiam alcançar. Com essa ínfima parcela íntegra nos confins de si mesmas, quando tinham a sorte de serem salvas, reinventavam uma vida. As que não conseguiam, as que eram violadas por inteiro, podiam seguir respirando, mas estavam mortas. E não há nada mais brutal do que o rosto de uma criança morta que respira.

Ao ler a história de Nujood, penso que com ela se passou algo assim. E, por mais paradoxal que pareça, acredito que ela tenha encontrado forças para sobreviver e para resistir porque era amada por sua família e, mesmo em meio à pobreza e a dificuldades de toda ordem, conheceu momentos de alegria. Pela memória, pela imaginação e pelo sonho, Nujood manteve sua subjetividade intacta. E, por fim, encontrou alguém que a escutou: a segunda esposa do pai, os juízes da corte.

Nujood tornou-se o fio de esperança e de possibilidade onde as meninas casadas do Iêmen podem se agarrar para alcançar um destino novo. Depois de seu exemplo, outras duas garotas, Arwa, de 9 anos, e Rhim, de 12, foram à corte pedir o divórcio. O parlamento iemenita aprovou uma lei proibindo casamentos antes dos 17 anos para ambos os sexos. Ainda que no interior do Iêmen as leis tribais e os costumes pesem mais que a legislação oficial, é um começo promissor. Na vizinha Arábia Saudita, outra criança entregue pelo pai a um homem na faixa dos 50 anos pediu o divórcio. A menina tinha 8 anos.

Este é o momento em que muitos de nós, brasileiros, suspiramos aliviados. Gratos por viver em um país menos arcaico, onde coisas assim não acontecem. O Iêmen, trazido para perto de nós por Nujood, volta a tornar-se borrado no tempo e no espaço, longe e diferente demais para nos reconhecermos nele. Exótico.

Não é o que vejo. Guardadas as enormes diferenças culturais e históricas, há muito de semelhante que deixamos de enxergar. E não apenas a prostituição infantil diante de nossos olhos nas capitais do Nordeste e do Norte, nas estradas que cortam o país, no interior de São Paulo, em todos os lugares.

Não foi o Superior Tribunal de Justiça do Brasil que, em 2009, absolveu o corredor Zequinha Barbosa e seu assessor, Luiz Otávio da Anunciação, acusados de terem feito sexo com três meninas, de 13, 14 e 15 anos, em troca de valores entre R$ 60 e R$ 80? A justificativa: as garotas já eram “prostitutas reconhecidas”. Não foi o ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, que em 1996 absolveu um homem que tinha feito sexo com uma garota de 12 anos? O argumento: “Nos nossos dias, não há crianças, mas moças de 12 anos”.

Nessas duas decisões antológicas, é importante assinalar, não estamos falando dos fóruns estropiados dos rincões do Brasil, mas das cortes superiores. Se aplicassem a lógica contida nessas decisões, diante do pedido de Nujood os juízes do Iêmen poderiam argumentar que: 1) casamentos de meninas fazem parte da tradição do país; 2) ela já não era uma virgem, mas uma “esposa reconhecida”; 3) Não existem crianças de 10 anos no Iêmen, mas moças. E, com tantos bons argumentos, poderiam ter despachado Nujood de volta ao inferno. Benditos juízes do “exótico” Iêmen.

Para muitos – como Nujood lá do outro lado do mundo, como milhares aqui –, a Justiça não é o último recurso, mas o único que têm para conter a violência da qual são vítimas. Se ela falha ao deixar de escutar ou tarda demais, arrebenta a vida daquele indivíduo que sofre – e corrompe a todos nós.

Em 2006, busquei investigar um fenômeno novo: as viúvas-crianças do tráfico. Na periferia de Fortaleza, entrevistei uma menina que, se escrevesse um livro como o de Nujood, poderia ter o seguinte título: xxxxxx , 14 anos, viúva, uma filha. Não posso dar o nome sem violar o Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas ela estava lá, conversando comigo com a filha nos braços. E sua história foi contada em meu terceiro livro.

A garota vivia com um assaltante viciado em crack por vontade própria. Quando ele foi assassinado, tinha 13 anos e estava grávida. Este não era um drama para ela. A tragédia era voltar para o barraco da família. Tinha escolha? Nenhuma.

Em 1997, numa reportagem sobre incesto, entrevistei uma menina de 12 anos que havia sido estuprada pelo pai numa das maiores cidades do interior do Rio Grande do Sul. Ao longo de seu terrível relato, ela me contou que agora namorava o policial que havia atendido o seu caso. Ou seja: aquele que tinha, oficialmente, como representante do Estado, o dever de defendê-la dos abusos do pai e de qualquer outra violação, botou o pai na cadeia e passou a abusar dela. Eu o denunciei. Mas com certeza não é o único caso.

Conto estas histórias aqui porque não acredito no jornalismo que transforma o outro em exótico. Aquele que permite aos leitores acreditarem que a violência e a injustiça pertencem ao outro – e, neste caso, ao outro do outro lado do mundo. Prefiro que meus leitores não respirem aliviados nem se sintam tão a salvos. O mundo só começa a mudar quando olhamos para dentro de nós – e para o nosso quintal – com a verdade possível.

O que mais me fascina, na história de Nujood, é a força que moveu essa criança de 10 anos a atravessar sozinha a cidade e vencer séculos de opressão para dizer uma frase que continha o mundo inteiro: “Quero o divórcio”. Nujood não dá a si mesma nenhuma qualidade especial. Com sinceridade, ela apenas diz a todos que insistem em compreender o extraordinário que ela contém: “Eu não suportava mais”. Em sua simplicidade, ela não permite que lhe atribuam algo de especial – e então outras meninas não poderiam seguir o mesmo caminho por não possuir este algo a mais.

Acho que é isso que ela também nos dá. Nas pequenas e nas grandes tragédias da vida de cada um de nós – e de nossa comunidade, de nosso país, do planeta – às vezes, tudo o que precisamos dizer para os outros e principalmente para nós mesmos é isso: “Eu não suporto mais”.

Estamos, então, prontos para atravessar a rua de nós mesmos. E mudar nosso pequeno mundo.

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)

Fonte: Época on line